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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Se é ano novo...



Se é ano novo...

“Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. William Shakespeare

Se é ano novo, que o seja na plenitude, não apenas, nas palavras, pois, nem tudo que está escrito, que nos é dito, ou, que falamos, condiz com o que sentimos, sendo os sentimentos nossos grandes aliados, porém, diante de nossas intolerâncias, fazem-se os algozes que dilaceram e aniquilam, unicamente, em virtude das expectativas que criamos quanto aquilo que idealizamos, dentro de nossas pretensões, em haver, de nossa parte, controle sobre o mundo, sobre o outro e, quase nunca, em relação a nós mesmos; levando-nos a nos consumirmos pelo ódio, pelo ressentimento que, como disse Shakespeare, “é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa mora”.

Se é ano novo, que o seja, não apagando o passado, mas, estabelecendo novos sentidos e significados que nos façam caminhar à frente, ao invés de ficarmos parados sobre o tempo e as amarguras que nós mesmos criamos. Sim, somos nós que pensamos que o outro, ou, o mundo, seja responsável por nossa felicidade, entretanto, se assim fizermos, delegando tal responsabilidade a quem quer que seja, apenas assumimos que nos abandonamos há muito tempo.

Se é ano novo, estendo minha mão a mim mesmo em um gesto de respeito e amor àquilo que sou, não me preocupando com o que possam desejar que eu seja, pois, se há algum segredo para atingir o sucesso, desconheço,mas o do fracasso, é tentar agradar a todas pessoas.

Se é ano novo, devo desejar brindar pelo fato em não arrastar comigo as incompreensões e intolerâncias, nem mesmo, minhas frustrações por não ter atingido determinados resultados, pois, se não os atingi, terei mais um ano para reorganizar-me, refazer-me e seguir em frente, em direção aos meus sonhos, afinal, eles são as janelas para o infinito.

Se é ano novo, devo desejar a todos que me leram que, pararam-me na rua por diversas vezes, a minha gratidão por terem sido sinceros, não apenas em seus elogios, mas, em suas críticas, sendo essas, um aspecto importantíssimo para que eu venha a crescer e me empenhar em tudo o que vier a fazer, sem jamais me esquecer de quem eu sou, e que posso mudar a cada instante, se assim considerar necessário, sem jamais me desfazer do que é bom, principalmente, reconhecendo a importância dos que me estenderam as mãos, afinal, as minhas sempre encontram-se estendidas, pois, foi assim que aprendi com meu maior ídolo, meu avô, Hélio Seixo de Britto.

Se é ano novo, que o seja para a Presidenta Dilma Roussef, pois, apenas posso desejar que ela faça um grande governo, se possível, que seja o melhor de toda história do Brasil, contrariando o ódio e o rancor, ponderando que o amor e a sabedoria são os aliados da vitória.

Se é ano novo, desejo ao governador Marconi Perillo que realmente seja um tempo novo, grande êxito em sua gestão e que seja um grande momento de prosperidade para todos os goianos. Ao mesmo, se o tempo é novo, que seja destituído dos ressentimentos e, reconhecendo os valores dos grandes homens públicos que transformaram a história de Goiás, entre eles, Iris Rezende Machado, afinal, as diferenças não conseguem anular as virtudes inerentes a ele, nem ao senhor.

Se é ano novo, desejo ao Prefeito Paulo Garcia que Goiânia seja contemplada com a alegria que está sempre estampada em seu rosto, trazendo-nos, não apenas o conforto, mas, o sentimento de estarmos em família, objetivando coletivamente o melhor para nossa cidade.

Se é ano novo, que o seja em sua plenitude, inspirando-nos a cada manhã a fazermos e vivermos um novo dia e que cada um seja o melhor já vivido por cada um de nós, mesmo diante dos invernos existenciais, fazendo de cada instante, o momento em acrescentar virtudes e elevar os valores que considerarmos importantes às nossas vidas.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo e coordenador do Programa de Prevenção a Depressão e do Grupo de Estudos Michel Foucault, do Ateliê de Inteligência.
ateliedeinteligencia@gmail.com

sábado, 25 de dezembro de 2010

Ficamos todos confusos quando a sombra torna-se a realidade p... on Twitpic

Ficamos todos confusos quando a sombra torna-se a realidade p... on Twitpic

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Se é Natal...





Se é Natal, que o seja distanciado das propostas de consumo que corrompem os propósitos que agregam amor e paz, afinal, quantos são os que, ao comemorar tal data, tornam-se tão cruéis quanto Judas, pois vendem e parcelam a representação da criança imbuída dos melhores sentimentos, transformando a comemoração dessa data num momento muito distante do afeto, do perdão e dos grandes reencontros.

O Natal, necessariamente, não necessita de datas específicas, podendo renascer em cada um, não nos limites entre espaço e tempo, mas, elevando-se acima das definições doutrinárias, ou mesmo, das construções necessárias que os sistemas econômicos estabelecem como forma em dominar, oprimir e tornar cada um de nós cúmplices da perversidade do consumo que eleva um novo tipo de escravos nessa pós-contemporaneidade, transformando os que fazem de seus parcos recursos, as algemas para o amanhã.

O Natal não está nas propostas de liberdade e felicidade veiculadas nos comerciais e impostas nas agressivas propagandas que atrelam-se ao infeliz homem pós-contemporâneo, que encanta-se com o vazio que nada é, projetando sua imagem, assim como narciso, nas profundezas de suas próprias ilusões, revelando em sua própria história o mais intenso auto-abandono.

O Natal não pode trazer de volta aquele que, por suas próprias escolhas, decidiu fazer-se vivo, distanciando das propostas de amor que acreditamos ter, e salvar o outro, afinal, se nem salvamos a nós mesmos, nada mais seremos, senão, fonte de angústia e adoecimento, entretanto, o Natal, pode sim, levar-nos a compreender que somos cada um, o responsável por nossas maiores aventuras, entre elas, a capacidade em trazer dos nossos períodos de luto os renovados sentidos para uma nova forma em existir, transformando a felicidade no produto gerado pelos ricos conteúdos vivenciais que nos elavam em relação as nossas derrotas e nos colocam diante daquilo que acreditamos merecer.

O Natal nos evidencia que aquele que oferece a liberdade será o primeiro a impor-lhe um preço; assim, quando o dominar, então, liberte-se, acreditando que você é capaz de suportar todas as situações, desde que não perca o sentido e o significado que cada um traz para sua própria vida.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo e coordenador do Programa de Prevenção a Depressão e do Grupo de Estudo Michel Foucalt do Atelie de Intleligência

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Viktor Frankl: Quando uma rosa é arremessada.



Quando uma rosa é arremessada, suas pétalas sempre encontram o destino relacionado à pretensão daquele que a lançou e, conseqüentemente, esse movimento quebra o excessivo investimento que tendemos a fazer em nós mesmos, trazendo formas de felicidade e prazer.

Viktor Frankl, psiquiatra austríaco, conheceu o triunfo e o declínio, para que, depois de vários anos, pudesse revestir-se de orgulho, entretanto, teve que desfazer-se do egocentrismo adoecedor, desinvestindo-se do olhar que, muitas vezes, por ser obsessivamente voltado para dentro de si, acaba por não enxergar o universo que podemos criar, tornando-nos apenas uma minúscula parte adoecida por sermos tão centralizadores e compulsivamente íntimos das ilusões, quando acreditamos sermos alguma coisa, sem nada sermos, a não ser, o nosso próprio e maior incômodo.

Já parou para pensar que sua arrogância revela o horror interno que você criou nesse “bunker” ao qual chama de corpo? Esse abrigo em que se esconde e onde transforma o stress no desencadeador de tantas outras doenças, e isso, nada mais é, senão, uma forma em punir a si mesmo, sentenciando-se a depressão, ao pânico e a outros transtornos, por acreditar que você pode controlar tudo, desde que afogue-se em si mesmo e, abandonando o sentido que tem faltado a existência humana. Posso lhe fazer uma pergunta? Mas, posso mesmo? Então ta, farei, desde que você pare por um segundo, deite o jornal sobre a mesa e dê uma olhada contemplativa para o céu e para a pessoa que estiver ao seu lado e faça-se a seguinte pergunta: Qual o sentido que você tem dado para a vida? Agora, tenha liberdade em perguntar para a pessoa mais próxima e a ouça. Outra pergunta: Quais são seus porquês? Afinal, somos capazes de suportar todas as situações, desde que não percamos o sentido e o significado que trazemos para a vida.

Frankl, sua esposa, seu pai, irmão e irmã viram-se, do dia para noite, arremessados pelo inferno nazista em campos de concentração, separados pelo ódio de Adolf Hitler, marcados a ferro quente. Ele era o prisioneiro 119.104, movido não pelos “como?”, entretanto, pelos “porquês?”, ou melhor, pelos sentidos que encontrou na aniquiladora “fábrica da morte”, da qual saíram vivos, dentre toda a sua família, somente ele e sua irmã. Ao ser lançado no primeiro campo de concentração, pois, passou por vários, inclusive os de Theresientadt e Auschwitz, submetido a fome, ao frio e as maiores agruras possíveis, foi imediatamente submetido aos procedimentos sádicos de elevada humilhação e obrigado a trocar o terno que usava pelo com “pijama listrado”. Havia na calça do terno uma caderneta com anotações que vinha a algum tempo fazendo, objetivado a transformar os dados colhidos em livro, entretanto, perdeu todo conteúdo de seu trabalho. Ao vestir a calça do pijama listrado, sentiu que havia algo em seu bolso, enfiando a mão e retirando um pedaço de papel, deparou-se com a principal oração do Judaismo. Estava escrito: “Shema Yisrael Adonai Elohênu Adonai Echad (Ouve ó Yisrael, Adonai é nosso D-us, Adonai é Um”. Aquilo o emocionou profundamente, afinal, sendo Judeu, sabia da importância de suas convicções e da relação com o Eterno, então, resolveu perguntar aos outros presos quem havia vestido aquele pijama, ficando sabendo que fora, até o dia anterior, vestido por um Rabino que tinha sido morto na câmara de gás.

Por esse motivo e tantos outros que já pude contemplar nessa existência, concluo  frente a muitas situações, acreditando que, quando uma rosa é arremessada, suas pétalas sempre encontram o destino relacionado à pretensão daquele que a lançou. A oração no pijama que Frankl vestiu foi a rosa lançada, cujas pétalas, a oração, geraram diversos insigts, levando a encontrar e dar sentido a sua dor, bem como, em suas conversas com seus companheiros de campo de concentração, buscando levá-los a pensar no sentido e nos significados existentes que poderiam dar, trazendo, dessa forma, o único ingrediente que deixou muitos vivos, o resgate da esperança, fazendo-os pensar e falar, trazendo significado e construindo o sentido, principalmente quando não nos resta mais nada, quando somos abruptamente destituídos daquilo que imaginávamos ou fingíamos não acreditar que poderia tornar-se o caos. Quantas vezes o caos está instaurado e não nos permitimos assumir as ruínas que restaram? O melhor é que, depois de um tempo, aprendemos que essas ruínas serão os alicerces para que nos reconstruamos, tornado a existência um palco onde encenamos as nossas histórias e as vivemos, não mais assentados na platéia, como espectadores de nossas experiências, afinal, se estamos vivos, é natural e perfeitamente compreensível que todos, sem excessão, passarão por momentos difíceis, por perdas, por traumas, por frustrações, mas que, diante cada circunstância, tornamo-nos muito melhores e aptos a olhar a vida de frente, entendendo que felicidade não é uma obrigação ou promessa, entretanto, uma conseqüência daquilo que fazemos.

Viktor Frankl, concluiu em toda sua trajetória em Auschwitz que, “a experiência mais elevada para o homem que regressa ao seu lar, é a maravilhosa sensação que, após tudo que ele sofre, não há mais nada que precise temer, exceto seu D-us”.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo, coordenador do programa de prevenção a depressão e do Grupo de estudo Michel Foucault do Ateliê de Inteligência.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Cuidemos de nossos jardins



Na caminhada existencial, nada poderia ser maior que as referências de uma mulher, afinal, são elas que desde o processo da fecundação garantem os níveis de sustentação interna, para que, diante das vicissitudes da vida, saibamos as escolhas que fazemos e os caminhos que decidimos percorrer. Noto que os grandes líderes espirituais, de Moisés a Jesus, absorveram desde a mais tenra infância a grandiosidade dos sentimentos, afinal, ambos foram desejados diante as mais duras inseguranças.

Um, teve de ser lançado à sorte nas águas do Nilo, porém, imerso em um oceano de emoções. O Outro, Jesus, teve desde a vida embrionária que conviver com os mais diversos sentimentos de sua mãe (medo, angústia, solidão, renúncias, fugas geográficas, preconceitos); entretanto, a dedicação, o investimento afetivo e o acolhimento, foram capazes de gerar pessoas que modificaram a ordem das estruturas, pois, as mesmas, rompem-se sempre diante das próprias fragilidades.

Não sou religioso, aliás, acredito que as religiões foram motrizes de grandes guerras, mortes e desculpas para os fracassos do ser humano diante de suas vaidades e da infeliz humildade anunciada por tantos, em alto e bom tom, porém, nada é mais arrogante que, quando pronunciamos: “Sou humilde, eu sei que sou”! Esse é um projeto humano, “demasiadamente humano”, próprio de uma espécie que exclui suas imperfeições, sendo essas, grandes características de nossa história existencial.

Concebo que caráter se forma com doçura, ressaltando assim, mais uma vez a importância do afeto, mesmo quando somos cerceados pelas agruras que fazem o insensato perder-se na histeria de suas auto-flagelações, sendo tais comportamentos, nada mais que confissões dos sentimentos de culpa diante da incapacidade em lidar com os próprios medos em tornar-se alguém, sendo sempre necessário, diante de suas inseguranças e complexos, anunciar suas auto-condenações, dessa forma, o mal que eles próprios criaram.

Um tempo mais tarde, passamos a compreender, não que o mundo conspire a favor, mas, que, imersos na poesia de Mário Quintana, saibamos que “o segredo não é correr atrás das borboletas, mas cuidar dos jardins para que elas venham até você”.

Ah, isso é a maravilhoso e completamente elevado! Estando sempre aberto ao que se dispuser modificar, não utilizando dos espinhos como pretexto para anular-se, ou mesmo, sentenciar-se em meio as carcaças do ódio, local esse, onde são visíveis apenas os famintos urubus.

Continuando com Mario Quintana, passamos com o tempo e a sabedoria dos que a tem, “compreender “que para ser feliz com outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela”; dessa forma, acredito que nos tornamos um pouco, não digo melhores, entretanto, libertos, pois, passamos a admirar até mesmo os que nos odeiam, compreendo que eles têm um profundo e refinado bom gosto.
Dessa forma, continuamos a cuidar de nossos jardins, pois, suas roseiras e borboletas tornam-se a resposta aos que investem na existência e, a mesma, nos ensina que obtemos apenas aquilo que fazemos.


Marcus Antônio Brito de Fleury Junior é psicólogo e coordenador do Programa de Prevenção a Depressão e do Grupo de Estudos Michel Foucault do Ateliê de Inteligência.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pinturas que encobrem o mofo





Pinturas que encobrem o mofo!

“Esse ano quero paz no meu coração, lá, lá, lá...”

“Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender...”

Sempre as mesmas coisas, cantadas em catarse coletiva, nas datas de fim de ano, momento esse, que, assalta as emoções expondo a fragilidade refletida nos sentimentos. Essas tão conhecidas cantigas, após alguns copos de qualquer coisa, afinal, nesse momento, qualquer coisa serve para entorpecer as idealizações quanto ao ano que se inicia; deixa para o “the day after” as mesmas feridas transcritas no velho calendário, lançado em vão, na lixeira no dia anterior, dos anos que se passaram.
Entretanto, negar as vicissitudes quanto à transformação, não do ano que virá, mas, de nossa história em relação àquilo que continuará tendo os mesmos conteúdos, caso não haja resignificação do “EU” que ruiu, que está fragmentado, feio, vazio, sem forma, cujas sombras pairam sobre as águas dos oceanos repletos de angustias; aceitando, não mais a sublimação repleta de recidivas, mas, disposição quanto a caminhar pelo caos, podendo nos mesmos, contemplar frente à frente, seus horrores escondidos dentro das manjedouras existenciais de suas histórias psíquicas, torna-se o comemorar de um passo para novos dias que podemos estabelecer: A aproximação do Eu que penso ser em relação ao Eu que outrora escondia, gerando o Eu que passará existir, não relegando para o porvir um encontro com aquilo que escondemos por debaixo das barbas do “bom velhinho”, lugar esse, onde estão pessimamente ocultas as agruras da existência.
Um verdadeiro enxovalhar de palavras e respostas afetivas frívolas presentes em anos de perdas, lutos, conflitos e adoecer tomam conta de todo o cenário totêmico, onde, a máscara da felicidade contemporânea esconde-se por detrás do consumo, da estética, das promessas repetidas na tentativa em sublimar antigas dores, traumas que pedem, não apenas pela estruturação da fala, mas, também, por toda linguagem apresentada pelo corpo em suas manifestações explicitadas nos transtornos psicossomáticos, sendo esses, que desmascaram a superficialidade das “pinturas que encobrem o mofo”.
Ter que encarar nossa própria imagem torna-se um convite aterrorizante, mas, necessário aos que desejam transpor os desertos existenciais, restando-nos assumir escolhas, reelaboração dos conteúdos e desconstrução de paradigmas quanto à ineficaz tentativa em ser o outro na busca pelo glamour e reconhecimento, por se considerar o nada, por sentir-se na complexidade da singularidade o vazio estruturado no coletivo.

Heidegger deixou muito claro que: “cada um é o outro e o outro não é ele mesmo”, estando isso, muito próximo ao homem na pós-contemporaneidade. Basta lembrar que logo em breve estaremos debaixo do voyeur existente em cada um, vislumbrando no “Big Brother” o pequeno amigo que somos em relação a nós mesmos. Torcemos pelo prevalecer do outro, afinal não prevalecemos em relação a nós mesmos, desejamos contemplar as perversidades de um todo e rejeitamos que o tudo é o nada, estando nesse vácuo, a cegueira contida na solidão pós-contemporânea, não nos permitindo ver, pois, se víssemos nos depararíamos com a despersonalização encenada, cujas faces percorrem uma multidiversidade de fugas contidas nas páginas que transcrevem as sintomatologias, cada vez em maior número no DSM IV, que superlota consultórios em busca de soluções que tragam definições quanto as suas vidas.

Elas cabem nas palmas de suas mãos, dentro de “comprimidinhos mágicos” que prometem a felicidade através da remissão de sintomas explícitos na complexidade de comportamentos, sendo os mesmos, decorrentes dos processos da personalidade. Cazuza define muito bem: “Mais uma dose, é claro que estou a fim, a noite nunca tem fim, porque que a gente é assim?”, ou seja, mais uma droga dessas aí para aliviar, para temporariamente modificar o horror que faz a gente ser assim, revelando noites infindáveis de solidão, angústia, pânico, paranóias e histerias. Mais uma dessas caixinhas, adquiridas com aquele receituário “especial”, como se nelas estivem contidas aquilo que Pandora trancou em sua caixa: A esperança.

Torna-se interessante rever conceitos que tentam preencher o que está vazio, sem forma internamente, para que possamos consolidar a compreensão quanto ao sentido de que o novo pode ser construído, estabelecido, mesmo as custas da caminhada pelo “vale da sombra da morte”, restando saber que os mesmos, são apenas espectros que assombram, afugentando-nos de nós mesmos e fazendo-nos cativos, no pior cárcere do mundo, estando esse, existente em cada um, cujas chaves encontram-se a disposição daqueles que desejam obtê-la. Entretanto, para conquistá-las, faz-se necessário limpar as chagas, as lepras, observar o horror estabelecido por detrás do efêmero que tenta apresentar a farsa das frágeis figuras que encenam a invencibilidade sobre suas próprias fragilidades, da beleza frente ao horror, da fascinação em relação a catatonia de olhos, cuja perplexidade, está explícita na projeção de máscaras no espelho do lago de narciso, onde o mergulho é inevitável.

Se alguém deseja “paz ao seu coração”, primeiramente, faz-se necessário transformar seu olhar em relação a si mesmo, estabelecendo uma ampla negociação com sua história.
O homem tem se mostrado um “péssimo negociador”, um indivíduo que protela seu desespero, supervalorizando o medo e fazendo-se refém do mesmo. Toma decisões, encontrando “soluções” rápidas, dessas que o levará, não mais a caminhar pelo fio da navalha, mas sim, em meio àquilo que constrói através do prazer egóico superficial, ao ver que, nos extratos de seus resultados há um brilho muito distante que enche seus olhos com pouca intensidade. Entretanto, nem tudo que reluz é ouro, principalmente, quando o mesmo advém de fontes que desencadearão opressão, noites de inquietação e insônia, estresse, depressão e tantos outros tormentos que expõem a miséria que envolve o indivíduo em sua efêmera riqueza, com vestes de poder, sendo essas, fantasias alugadas a preço de uma moeda que esvai pelos dedos, devido a intensa ansiedade em ser aquilo que não é. Não por falta de competência, mas sim, pela pressa em tornar-se aquilo que não consegue sustentar, ocultando socialmente o que realmente é, tentando esconder de si mesmo idealizações que ruíram. “Verdades” permeadas por pressupostos que demonstram estruturações consolidadas por uma limitada rigidez empírica, reducionista, que furta a liberdade da singularidade do sujeito, destituindo a fonte de existência, onde se encontra alicerçada sobre a subjetividade, conduzindo o indivíduo a tornar-se náufrago nos oceanos da angústia e andarilho nos áridos territórios da solidão.

Angustia e solidão, tudo que as pessoas não desejam. Entretanto, como o “tudo é muito pouco ou, nada”, o controle sobre tais emoções e sentimentos não pode ser parcelado nas maquinetas dos cartões de crédito, nem tampouco, em outras coisas Express que existem por aí. Há uma propaganda que diz: “Você pode todas as coisas com o card”, mas, deixa de avisar que a felicidade, o prazer, as dores, perdas e lutos, o resgate do SER, jamais poderá ser pago com tão pouco.
O que deve ser trabalhado requer redescobrir o Ser que somos e, para tal, faz-se necessário caminhar nos mais inóspitos ambientes de nossa história vivencial, nos vales e entranhas que compõem nossa história psíquica, onde iremos reestabelecer a reorganização dos conteúdos, para que possamos resignificar o mesmo valor existente quanto ao nosso papel na trajetória de nossas vidas, conduzindo-nos assim, à recompor nossas expectativas frente ao que somos para nós mesmos.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior
Psicólogo. Coordenador do Programa de Prevenção a Depressão e do Grupo de Estudos Michel Foucault do Ateliê de Inteligência.
ateliedeinteligencia@gmail.com

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Por que somos o que somos?





Por que somos o que somos? Aliás, o importante estará no que somos ou no que desejam que sejamos? Então, partindo dessa discussão, pergunto: O que define como cada um necessita ser? Para ser, é necessário estar de que forma ou em que fôrma? A configuração que desejam para você é o que o faz acreditar em si mesmo? Quais são as definições e quais o valores das mesmas, caso você nem saiba do seu próprio?

Diógenes, o filósofo, mantinha um estilo de vida que sobrepujava todos os padrões instituídos na época. Morava em um tonel, vestia-se despretensiosamente, mas estava integrado àquilo que mais era importante: Ele mesmo! Não havia nenhum compromisso maior que o fizesse sequer reverenciar Alexandre, o grande. Certa vez, deitado, tomando sol, foi interpelado pelo Imperador: "Diógenes, o que deseja que eu faça para você"? Então, Diógenes respondeu: "Quero que chegue para o lado, não tire de mim aquilo que não pode dar". Alexandre estava entre os raios solares e Diógenes.

Diante desse episódio, penso e analiso sua fala da seguinte maneira: Não seja a sua sombra o impedimento quanto ao que me causa prazer. Não seja a sua sombra um obstáculo entre a grandiosidade de minha liberdade e a pequenez que o faz acreditar ser algo tão necessário a ponto de subtrair a estrela que aquece; sua imagem, "Imperador", apenas é um espetro refletindo o nada insuportável a si mesmo.

Isso é simplesmente formidável, afinal, nem mesmo a "magnitude" de Alexandre, o grande, poderia garantir as necessidades que estavam além dos valores, onde, "as verdades", nada mais eram, senão, enunciados que preservavam os mais difusos interesses, entre eles, as exigências das normas sociais que massacram a identidade do sujeito, colocando-o no papel de objeto.

Diógenes era o que necessitava ser e não aquilo convencionado como "o caminho certo a ser seguido", que furta a subjetividade sempre criando formas de verdades que descaracterizam o ser pensante, dando-lhe apenas a condição de ser humano. Sinceramente, isso pode ser pouco em relação ao que está latente em cada um de nós. Ser humano, penso eu, apenas se limita às definições estabelecidas aos conceitos, apresentando sintomas.

Ser pensante rompe as fronteiras do pragmatismo, desconstruindo, a partir da análise descontaminada dos valores o que está instituído como formas sociais aceitáveis, observáveis, no campo dos símbolos.
Nada, em tempo algum, será mais aceitável que a sua história para você mesmo. Se em algum momento passar pela sua cabeça que o melhor a ser feito já foi ensinado ou vivido, acorde, acorde, você está num terrível pesadelo!

Recorre-me, nesse exato momento, uma das frases de Michel Foucault, que, por sinal, não se limitava às "ordens constituintes" de nada, pois sabia que se vasculhássemos essas coisas chamadas verdades, assim como um arqueólogo, encontraríamos nos subterrâneos mais profundos, a escuridão que sustenta a trôpega e oscilante noção de luz, entendimento, domínio e compreensão das coisas: "Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo".

Foucault assumiu a intensidade de sua existência não se constrangendo em mudar o que acreditava ser necessário, não encerrando nada no tempo, entretanto, fazendo do tempo que vivia seu aliado para desconstruir, reconstruir, desorganizar e, em meio ao mais intenso caos percorrer livremente desvinculando-se do terrorismo academicista, das tolices doutrinárias, da inquisição pós-contemporânea que estende sua continuidade com novas formas de dominação utilizando a tirania punitiva estabelecida pela ilusória linguagem da “razão”e pelas promessas de certezas que, nada mais representam, senão, as maiores incertezas e inseguranças dos pretensos donos do mundo, esses senhores do nada.

Chega um tempo em que conseguimos não sei se compreender, mas, observar as relações onde, temperança ganha "vis aliados". Nunca pude ver nenhuma crueldade que se apresente como realmente é. Ela veste-se do discurso construído sobre a mobilização dos que precisam derramar suas lágrimas, não pelo "condenável", mas sim, pelas auto-condenações que visitam suas mentes e, nas tentativas em esconder debaixo dos artifícios do discurso que, quando desconstruído, deixam expostas as intencionalidades naquilo que definem "propósitos", novas "soluções" que apontam caminhos para serem seguidos, colocando à disposição velhas novidades com roupas novas, criando "mais formas de verdades", refutando da discussão o que são as mesmas e, para que servem, se servem ou a quem servem.

Quando Diógenes foi visto pedindo esmolas a uma estátua e perguntado sobre o que estava fazendo, ele respondeu: "Peço a ela por dois motivos: A primeira, é que ela é cega, e a segunda, é que não me acostumo receber algo de alguém e nem depender de alguém".

"O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio".
Jean Paul Sartre.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo, coordenador do programa de prevenção a depressão, do grupo de estudos Michel Foucault e do Ateliê de Inteligência.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Crianças não são bichinhos de estimação.






As necessidades de uma sociedade que perdeu-se justamente pela submissão às exigências de determinadas estruturas de poder, colhe seus resultados pelo investimento feito contra a subjetividade na construção das referências pessoais.

Aí estão visíveis, lamentavelmente, os elevados índices de “transtornos psicológicos ou psíquicos” em crianças; pouco importa o termo adequado, pois, para quem carrega em seu corpo profundos conflitos, o que passa valer não é qualquer base teórica, mas sim, a necessidade em negociar dores que dilaceram, principalmente, quando as palavras não podem dar sentido ao que está sendo tão intensamente SENTIDO no universo infantil, cuja linguagem, fala muito mais alto que quaisquer agrupamentos de fonemas ou outras dessas construções semânticas que, nada mais são, senão, “verdades” construídas pelos que necessitam gerar alívio aos sentimentos de culpa daquilo que está mal elaborado, mas, que não pode ser compreendido como o falível que cada um de nós temos (há em cada um de nós um imenso Haiti).

Isso vai das mais superficiais construções, até mesmo, as relações de sufocantes casamentos, cujo contrato, deveria vir com a inclusão de um plano funerário, afinal, a sensação de morte iminente, imbuída em determinadas relações, desencadeia um longínquo e pesado processo de deslocamento daquele que deixa de ser, para tentar sentir-se vivo e presente no outro, mesmo que sejam seus filhos, crianças que, atualmente, carregam medos tão intensos que, a morte deixa de ser uma mera brincadeira de morto-vivo, tornando-se manifestações do desespero mais intenso diante de iminentes sentimentos que, quando não compreendidos, trazem aos pequenos corpos a apavorante sensação da mais profunda falência da existência, sendo, tais manifestações, tão intensas que as transformam nos mais “novos doentes” construídos pelos adultos em suas atuais exigências, principalmente, as não vividas, ou então, aquelas que, basta sensatez para compreender a necessidade do fim como algo amplamente benéfico a duas pessoas, pois, se continuarem tentando ser uma só, não chegaram a nenhuma porção e, o pior, ainda destruirão quem ainda é um inteiro num universo de sonhos, fantasias e verdades não forjadas: nossas crianças.

Quando há, por parte dos pais, a intenção em colocar as crianças em processo terapêutico, ou mesmo, recorrer a outros instrumentos, para que as mesmas possam compreender os divórcios ou rupturas, torna-se necessário pensar, em primeiro lugar, quem realmente está precisando ser terapeutizado, afinal, nesse momento, cuja dor é particularmente intensa aos filhos, o que eles mais necessitam, não são de técnicas ou abordagens, mas sim, em saberem que, tanto o pai e a mãe, prosseguem no investimento de amor, afeto e cuidados, acreditando em suas vidas, em seus sonhos e fantasias, sendo esses últimos, quando, nutridos pela participação dos pais, as bases para projetos de vida de nossos filhos.

Precisamos compreender que não são os medos quanto às incompreensões dos filhos em relação à separação que promove o deslocamento, mas sim, o forte sentimento de culpa, representado nas dúvidas e inseguranças pessoais dos adultos.
Acredito ser um mecanismo altamente tirano, “matar” primeiramente o casamento nos filhos, para que, mais tarde, os pais possam se sentir aliviados ou, menos propensos aos medos que eles próprios definiram. Por isso, terapeutizar pode representar um caminho, entretanto, quando não estabelecido como saída para responsabilidades que são dos adultos, ex-marido ou ex-esposa, PAI E MÃE.

As crianças, quando são arremessadas de forma inconseqüente pelos pais em um processo terapêutico, cuja finalidade é compreender a separação, em primeiro lugar, constroem que são elas, filhos, os grandes responsáveis e não a família que está com severos problemas, reforçando assim, ainda mais, o sentimento de fracasso e derrota que as fazem sofrer, intensificando, dessa maneira, os medos e o stress, sendo tais, um passo para outras derivações de incômodos ou transtornos emocionais.

A primeira coisa que uma criança necessita saber ao chegar num consultório, trazida pelos pais, é que elas não são doentes, nem mesmo responsáveis pela decisão do casal, e que, abertamente, são os pais que necessitam estar ali para que possam assumir suas decisões sem deslocar ou projetar nos filhos algumas de suas culpas para sentirem-se aliviados. Não dá para tratar crianças como bichinhos de estimação, muito menos, vê-los como troféus ou trunfos para utilizar no momento de falar em dinheiro ou vingar-se do que está mal resolvido.

É necessário compreender que os problemas emocionais das crianças refletem o que está sendo vivido dentro da família e, a mesma, em muitos momentos, torna-se uma fábrica cruel de neuroses, afinal, construir um ser adoecido em algumas situações, promove a sensação de alívio e culpa, constituindo dessa forma, sobre uma determinada pessoa, o “núcleo psicopatológico”, para que possa, sobre o mesmo, serem atribuídos todos os fracassos das relações.

As crianças precisam ser respeitadas, e não, sujeitas a desonestidade emocional dos pais que, deslocam e projetam sobre as mesmas, responsabilidades e escolhas próprias de adultos, completamente inadequadas às etapas de desenvolvimento infantil.

*Sugestão de leitura: “Protegendo seus filhos da Alienação Parental.” (Dr. Douglas Darnall)

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo, coordenador do programa de prevenção a depressão e do grupo de estudos Michel Foucault.
ateliedeinteligencia@gmail.com

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Posso ser Feliz!





O universo psiquico infantil necessita ser ser visitado todos os dias pelas famílias,afinal, as crianças a cada momento, acrescentam aos seus repertórios novas formas de linguagem que, em conjunto com os estímulos visuais e em congruência aos sistema sesorio-perceptual desencadearão mecanismos necessários para definir como irão lidar com os eventos que aconteceram no dia- a- dia, sempre trazendo de volta , lá do material “ armazenado” no inconsciente, elementos necessários para a reedição de situações já vividas, onde, estão o início de traumas profundos que se não forem trabalhados ou “tratados”, desencadearão porocessos mentais muito mais severos, interferindo assim nas mais variadas áreas da vida de uma pessoa,levando-a, desde pequenos medos e ansiedades, até mesmo, a manifestação comportamentos que comprometem suas vidas.

Inúmeras pessoas em determinadas situações sentem-se tão desconfortáveis e incomodadas que não conseguem lidar com o que necessitam ou desejam fazer, promevendo assim, a interrupção daquilo que por mais que seja desejado é, ao mesmo tempo, rejeitado ou negado em suas vidas. Quantos são os que caem na ambivalência cruel entre o desejar e o não realizar, gerando a frustração e a aproximação de dores emocionais vividas no passado às quais tornam-se uma forma de contato entre o indivíduo e sua história, sentindo-a, por mais desagradável que seja, uma forma de reviver em seu corpo determinados eventos traumáticos,entrando em ação nesse instante, processos que fazem em milésimos de segundo, acionar os processos mentais e todo o conjunto de estruturas que formam o sistema límbico , promovendo assim, uma ampla mobilização de todos os sistemas,levando-nos a embarcar nos revoltos oceanos das alterações da afetividade (pulsões de ódio, susto, riso incontido, fobias , etc...) . Assim, somos tomados tanto em circusntâncias de breves duração ou adentramos outros níveis das dores psíquicas,sendo tais, extremamente severas a ponto de muitos, em virtude da intensidade das mesmas, colocarem fim às suas vidas,sendo, tal fato, o ponto alto de um rito que, muitas vezes, pode ser uma forma que o indivíduo encontra para se eximir de determinadas culpas, transferências e projeções ou outras situações que, quando crianças, tiveram início , sendo manifestadas na adolescêcia ou nas estapas posteriores,afinal, existem pessoas que diante de determinadas situações, sejam elas eventualidades ou mesmo um caminho que vem sendo traçado inconscientemente por longas datas,revivem em suas histórias, manifestações que as fazem através dos traumas e dores perpetuar vínculos com a tragetória da história psicoemocional que cada um de nós tem.

Necessitamos cuidar de nossas crianças e, urgentemente, faz-se necessário que cuidemos da criança adoecida dentro de nós , essa, que nos consome e mal sabemos compreender os motivos que inesperadamente somos visitados pelas angústias, pelas tristezas, melancolias e até mesmos pelo desejo ou medo exagerado em relação a morte. Se nós pais trazemos dentro dos porões do inconsciente uma infância adoecida e ferida afetivamente é necessáro que visitemos nosso universo psiquico, assim, como devemos fazer aos nossos filhos e alunos, resgatando os momentos onde os traumas forma desencadeados e dando-lhes novos significados e interpretações retirando dos mesmos a intensidade emocional que, naquele momento, foi investida. Uma pergunta: Se retirarmos o conteúdo emocional investido no trauma , resignificando-o, o que acontecerá? Simples, ele perderá a intensidade e não mais mobilizará todo o conjunto de sistemas descritos nos parágrafos acima, tornando-se, então, apenas um fato como tantos outros que fazem parte da hsitória que cada um de nós somos.

Não existem remédios que curam dores emocionais, mesmo que o mundo esteja abarrotado de comprimidinhos que prometem trazer a felicidade,a alegria e o fim a todos problemas, contemplamos os índices de depressões, suicídios, fobias, transtornos alimentares, alterações psicossomáticas aumentam vertiginosamente a cada ano . É necessário jogar limpo, medicação altera os processos neuroquímicos,mas não promovem a resinificação de nada no que tange ao campo dos processos psicoafetivos. A Organização Mundial de Saúde, vem, a muitos anos alertando que a depressão será em 2020, a segunda principal causa de incapacitação, ficando assim a disposição de quem queira compreender que o aquilo que está aí, sendo ampalmente utilizado e prescrito, muitas vezes, de forma irresponsável,não garante absolutamente. Tais índices representam algo muito sério para qua a saúde mental seja tratada com tanta leviandade e intenções de reserva de mercado a quem quer que seja.

Portanto, vejo que as pessoas, mesmo que vagarosamente, estão despertando não de um transe hipnótico,pois, se o fosse, estariam livres de muitas de suas agruras emocionais, entretanto, estão conseguindo sair do torpor que por muitos anos as colocou como vítimas, afastando-as da capacidade em tornarem-se autoras de suas histórias. Assim, hoje, buscam enfrentar as intempéries por saberem da importância quanto ao papel que tem, não apenas em suas vidas, mas, na relevância em fazerem-se presentes no universo psíquico de seus filhos, minimizando, dessa forma, traumas que se forem observados precocemente os levará a estruturação de suas personalidades fazendo-os mais seguros,capazem quanto a compreensão e o exercício do ousar, expor-se e assumir-se.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo, coordenador do programa de prevenção a depressão e do grupo de estudos Michel Foucault. ateliedeinteligencia@gmail.com