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segunda-feira, 24 de abril de 2017









A década ou o século do desalento?














O comportamento nos dias atuais deixa-nos atônitos quanto aos anos que vivemos. Não desejo ser erudito na escrita, até mesmo, por que, atualmente, o que mais precisamos é de algo que fale conosco sem a forma prolixa que esconde o ser humano por detrás de seus títulos ou de suas tão declaradas inteligências , capacidades ou suas teorias que, diante da tragédia humana desnudada,  nesses 17 anos de um novo século , nos leva a um desassossego e a  um ilusório desapego com nossa condição de neuróticos, fazendo-nos forçar transpor as barreiras da realidade, conduzindo-nos, assim, dissimuladamente, à loucura, jogando para debaixo do tapete o mal que temos feito a nós mesmos e às novas gerações.

Quando me refiro à loucura, nunca o faço forma depreciativa, afinal, me permito garantir que os loucos não estão em sua condição buscando prejudicar a quem quer que seja, apenas vivem suas complexidades, seus universos, assumem seus comportamentos e despem-se em seus sintomas de forma bem distante de nossa sociedade. Essa ,  sufoca-se no grande mal-estar com sorrisos e uma “obrigatoriedade” de felicidade, prosperidade, status,  coleções de “desamores” e o histrionismo, onde, o que vale, é ser o “eixo gravitacional” gerando uma condição de controle sobre todos outros pretensos “eixos”.  Em verdade, é que não há verdade; porém, as evidências conduzem todos a uma mesma direção, numa rota de colisão a qual pouco restará quanto aquilo que cada um é em sua identidade, afinal, todos andam tão semelhantes uns dos outros que, até mesmo, se distanciam da universalidade subjetiva do ser humano.

Onde ficaram as referências que constitui cada um como ser único? Por acaso estão nos manuais de boas maneiras e redes sociais? Estão nos tratados que definem o que  todos tem, cabendo , aceitar silenciosamente, sem questionamento,  o “carimbo” que define uns aos outros de forma tão próxima impossibilitando até mesmo visualizar a própria sombra?

Recorro à memória, trazendo, lá do “cafundó do judas”, a lenda onde, o  Imperador Alexandre “grande” , para avaliar a Diógenes , o filósofo, perguntou-lhe com toda sua empáfia, o que ele poderia lhe fazer. A resposta foi acima de todo império, de toda destreza das lâminas, ou do ouro.
Disse Diógenes:  “Quero apenas que saia da frente do meu sol, pois estás me fazendo sombra”.


A sombra do imperador Alexandre, com todas suas honrarias, estava se sobrepondo a autenticidade de quem sabe o valor da sombra projetada em sua própria história de vida. Assim, estaria o ser humano  fingindo destituir-se de sua própria escuridão e buscando no efêmero brilho das vãs conquistas misturar-se a tantas outras imagens que nada o define? Apenas quem pode responder isso será você. Porém, caso persista em ficar onde está, que fique; pode ser que a perspectiva que você tem de si mesmo, continue distorcendo aquilo que precise com seu antídoto da invisibilidade e sua condenação a perder-se no nada.

                                 Marcus Fleury