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quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Os métodos de controle legitimam o Estado homicida, cujas vítimas, são condenadas a uma explicita barbárie sócio-econômica.
OLIM - PIADAS -
(A FAXINA ÉTNICA DO ESTADO)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ESTADO COMO FACÇÃO CRIMINOSA





O Estado, ao insurgir-se nos conflitos urbanos, sempre utilizando dos mesmos métodos que as facções criminosas, esquece-se dos aspectos fundamentais que, se observados, demonstram a derrota e o fracasso estratégico quanto a ineficiência das políticas públicas, revelando assim, o acirramento dos combates, pois, o foco que deveria concentrar-se na maior parte dos habitantes das comunidades, denominadas favelas, desvia-se para ações que fomentam a violência como linguagem reproduzida das demais relações de poder, levando-nos a vislumbrar duas organizações, ambas, minoritárias em relação as milhares de pessoas que dizem representar, apresentando, como resultado final, o encarceramento que faz reféns os moradores, e, ao mesmo tempo, objetos dessa política do Estado moderno que, vestido de púrpura, sob o encantamento das vestes ideológicas, nada mais é que, normatizador e disciplinador, principalmente, tratando em nos tornar submetidos as diversas formas de coerções, manipulando a cada momento o indivíduo, capturando-o num esquema de poder que “os esquadrinha, os desarticula e os recompõe”, fazendo-os ampliar suas capacidades produtivas, promovendo a extorsão de suas forças e fazendo-os apresentar “uma docilidade” e utilidade aos interesses desses Estados, dessas organizações.

Assim, diante do grave conflito urbano vivido no âmbito das mais de 900 comunidades (“favelas”), faz-se necessário que o Brasil conheça, não a história utilizada muitas vezes para desarticular as atenções dos brasileiros, desconstruindo os processos da elaboração da crítica e do debate, sendo esses, obliteradores da interpretação das intencionalidades messiânicas, das caravanas da salvação e de tantas outras farsas, mas que, conheçamos as realidades das redes sociais que entrelaçam-se nesses espaços urbanos desprovidos de políticas que atendam as necessidades fundamentais, bem como, a implantação de políticas preventivas, sendo essas, capazes em não apenas preservar a identidade das comunidades, mas, transformar as relações de poder, mostrando que não é o crime, nem das facções, nem mesmo do Estado oficial que subjuga seus moradores, mas sim, são as comunidades que subjugarão o crime e o Estado Oficial, colocando-os nos seus devidos lugares, afinal, ambos, se bem observados, são intensamente próximos e muito semelhantes, afinal, suas práticas coercitivas estabelecidas com o propósito em impor o terror, desencadeiam traumas profundos em uma população de crianças, adolescentes, adultos e idosos, cujos mecanismos de defesa, movidos pela intensa angústia, buscam preservar a integridade psíquica diante de situações consideradas ameaçadoras pelo indivíduo, levando-os aos mais variados transtornos, não apenas de ansiedade, sendo esse, um dos desencadeadores de tantos outros.

Entre as comunidades é possível observar a prevalência do Estresse Pós-Traumático, tanto crônico, como agudo, estando os mesmos, associados aos eventos que causam medo, horror, impotência e promovem comportamentos que remetem as pessoas a submissão, fazendo-as reféns em seus cárceres existenciais, levando-os, segundo a fala de moradores que contatei, após solicitar informações por uma rede de relacionamentos e ser surpreendido por emails de diversas comunidades; a situação os aproxima da “loucura”. Segundo Thiago, uma das pessoas com quem fiz contato virtual, disse: “Aqui, as crianças choram dia e noite, apavoradas, não podem brincar e têm um olhar muito triste”. Essa mesma pessoa relatou-me que teve a casa por várias vezes invadida por policiais e foi tratado como “bandido”. Tal fato acarretou na impossibilidade em sair de casa por vários dias, fazendo-o perder o emprego e desencadeando outro processo muito constatável entre os moradores das comunidades, a depressão.
A apatia que se vê não se compara àquela que se sente, pois, o que se enxerga tem o sentido que cada um dá, entretanto, o que se vive consome e dilacera os sonhos, a esperança e a vontade de viver. Assim tem se tornado a vida de muitas famílias que residem nas mais de 900 comunidades do Rio de Janeiro. Elas são dotadas de grandes valores, muito mais das que habitam os infernos de luxo, onde as fortunas têm o cheiro do cobre e as relações, as características das ferrugens, corrompidas por si mesmas, dilaceradas pelas dores que escondem tentando-as sorvê-las num rito de açoite e auto-mutilação.

Atualmente, na cidade do Rio de Janeiro, há um projeto que visa construir muros em redor de algumas comunidades; não que as transformarão em condomínios horizontais, mas, sim, na segregação descarada, na pior manifestação que acredito existir, o preconceito. Além disso, uma alta autoridade do Governo Estadual declarou que “a Rocinha era uma fábrica de marginais” e, segundo esse indivíduo, “o Estado deveria legalizar o aborto no Brasil como forma em conter a violência”, comparando a natalidade da comunidade da Rocinha com países africanos e os mesmos índices na zona sul, como os da Suécia. Essa postura do Senhor governador do estado do Rio, apenas reforça as convicções quanto a política de extermínio implantada, revelando ser o Estado outra facção criminosa, cujas, políticas, nada mais compromisso tem, senão com o desenvolvimento do capital e de seus pouquíssimos donos, deixando-nos ver quem é o dono de quem, afinal, os grandes marginais do Rio de Janeiro transitam livremente pelos mais glamorosos recintos, até mesmo, fazem-se presentes no legislativo, com cara de bons moços, comandando suas milícias, tomando para si atividades que outrora tinham outros “patrões”, dando continuidade às práticas que subjugam a população das comunidades, fazendo-as reféns, não apenas das facções rivais, mas também, desse que faz de seu modo em agir, as justificativas que criam para que possam fazer como desejam, atropelando a população, estigmatizando-a e pressionando-a de acordo com os interesses econômicos e eleitoreiros.


Marcus Antonio Britto de Fleury Junior
Psicólogo, coordenador do programa de prevenção a depressão do Ateliê de Inteligência e do Grupo de estudos Michel Foucault.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


terça-feira, 20 de outubro de 2009


O Estado ao insurgir-se nos conflitos urbanos, sempre utilizando dos mesmos métodos que as facções criminosas esquece-se dos aspectos fundamentais que,se observados,revelam a derrota e o fracasso estratégico quanto a ineficiência das políticas públicas , revelando assim , o acirramento dos combates, pois, o foco que deveria concentrar-se na maior parte dos habitantes das comunidades, denominadas favelas, desvia-se para ações que fomentam a violência como linguagem reproduzida das demais relações de poder, levando-nos vislumbrar duas organizações, ambas, minoritárias em relação as milhares de pessoas que diz representar, apresentando como resultado final o encarceramento que nos faz reféns e, ao mesmo tempo, objetos dessa política do Estado moderno que, vestido de púrpura, sob o encantamento das vestes ideológicas, nada mais é que normatizador e disciplinador, principalmente tratando em nos tornar submetidos as diversas formas de coerções, manipulando a cada momento o indivíduo, capturando-o num esquema de poder que “os esquadrinha, os desarticula e os recompõe” , fazendo-os ampliar suas capacidades produtivas, promovendo a extorsão de suas forças e fazendo-os apresentar “uma docilidade” e utilidade aos interesses desses Estados, dessas organizações.
M.Fleury

terça-feira, 6 de outubro de 2009


Muitas vezes nos escondemos em tantos lugares que, mais tarde, quando decidimos nos rever, descobrimos que nos perdemos em milhares de partes e, que nenhuma delas poderemos mais achar.Então , vem aquele desespero e ficamos iguais a uma criança que solta das mãos de seus pais,perdendo-se dos mesmos. Ficamos, nesse instante, tão pequenos, ou então, compreendemos nosso verdadeiro tamanho em virtude de nossas renúncias.
Portanto, mesmo diante das impossiblidades em não ser mais o que perdeu-se, seja o melhor quanto ao que ainda poderá fazer a si mesmo...

Marcus Fleury Junior


Prefiro brincar de viver, morrer é muito difícil. Pergunte aos que se esqueceram de sonhar.


Os métodos de controle legitimam o Estado homicida, cujas vítimas, são condenadas a uma explicita barbárie sócio-econômica.


A Conferência Nacional de Saúde Mental vai debater temas trazidos pelos pelos integrantes da Marcha, como o estado da reforma antimanicomial brasileira, a necessidade da extensão da rede de Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) e dos programas de atendimento extra-hospitalar e alternativo, além de outros temas relevantes da questão da saúde mental no Brasil.

Além da realização da Conferência, outro tema considerado de extrema importância e urgência por Gilberto Carvalho é o combate às mortes de pacientes em internação psiquiátrica. Carvalho considerou que a questão “é urgente e não pode esperar”. Assista, abaixo, trechos da fala de Gilberto Carvalho na reunião e as considerações feitas por ele para o Blog do Planalto após a reunião:

A última conferência foi realizada há 9 anos, juntamente com a promulgação da lei 10.216, um marco legal e histórico na definição das diretrizes para a reforma psiquiátrica no País.

A Política Nacional de Saúde Mental se baseia nestas diretrizes e avançou bastante nos últimos anos. Desde 2002 vem sendo realizada uma redução gradual e planejada de leitos psiquiátricos no Brasil, condicionada à existência de recursos assistenciais substitutivos em cada território. Em 2002 havia 51.393 leitos no Brasil. Atualmente, este número diminuiu para 35.426. Além disso foram fechados 43 hospitais psiquiátricos, e vem se realizando uma mudança do perfil dos leitos psiquiátricos brasileiros, que são cada dia mais concentrados em hospitais de pequeno porte.

Além disso, o atual governo vem realizando diversos avanços, como o Programa De Volta Para Casa, que contribui com a reinserção social dos pacientes de longa internação, e hoje beneficia 3.416 pessoas. Nos últimos 6 anos, a rede de serviços residenciais terapêuticos, casas localizadas em espaços urbanos constituídas para atender as necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais cresceu de 141 para 543, e hoje atende 2.916 pessoas.

A rede de CAPS cresceu de 500 em 2003 para 1394 em 2009, e foram criados CAPS específicos para atendimento infanto-juvenil e de pessoas com problemas com álcool e drogas. Por fim, importantes parcerias vem sendo estabelecidas entre os ministérios da Saúde, do Trabalho e Emprego e da Cultura, com programas de reinserção social pelo trabalho no contexto da economia solidária e o estímulo à produção artística de pacientes psiquiátricos, incluindo premiações e até a criação de Pontos de Cultura nos CAPS.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009




Respeito todos conceitos justamente por não ter nenhum como meu dono.

“Não ousar é perder-se”.


Quantos de nós, diante do receio em relação à opinião dos outros quanto àquilo que consideramos necessário, nos desfazemos das possibilidades em estruturar às nossas vidas algo que, por mais distante e incompatível aos juízos de valores, seria a grande possibilidade em romper com o cárcere da angústia, renunciando assim, ao legado dos que buscam nas mágicas soluções, seja nas prateleiras das farmácias, nos bancos das igrejas, no consumo compulsivo, na ditadura da estética, ou outros mecanismos quaisquer, formas em esconderem suas renúncias?

Quando se perde a intensidade, torna-se possível vislumbrar que algo, por aproximar-se tanto daquilo que se é, diante da possibilidade em descobrir-se e frente à grandiosidade que está tão próxima, remete as pessoas a anularem-se, rendendo-se a ilusão de um “mundo seguro” que as abriga. Entretanto, mais tarde, descobrem que o mesmo, nada mais é, senão, o conluio dos infelizes, onde podem-se ver uns nos outros, mensurando, numa sensação de alivio e conforto, o sentimento de culpa que nutrem quanto aquilo que escolheram viver, afinal, o que destinamos a nós mesmos, nos eleva a condição em ser ou não aquilo que desejamos ou temos a fazer por nós mesmos.

O mundo está cada vez mais imerso à síndrome de Jonas, desvencilhando-se daquilo que é necessário ser feito, unicamente pelo fato em temer destituir antigos valores, sendo esses, os mesmos que fazem com que essa coisa redonda que gira em torno de si mesma imponha resultados cada vez mais catastróficos e limitantes, elevando acentuadamente a legião de infelizes prontinhos dentro de suas roupinhas e, inebriados em seus perfumezinhos, tentam esconder por detrás de suas armaduras o horror que as assola e o fétido odor que as aproxima do cheiro da morte, estando esse, manifesto nos corpos diante a fobia que ensaia no teatro do corpo, revelando as renúncias sufocadas, porém cada vez mais vivas, sempre prontas a vingar-se do algoz que tenta de maneira ineficaz colocá-la nos porões da existência.

Assim, ao ousarmos, não sei se perdemos momentaneamente o equilíbrio, como definia Kierkegaard, afinal, os conceitos que sustentam interesses cerceiam, emudecem e robotizam as pessoas, entretanto, é possível compreender que, “não ousar é perder-se”, refutando, dessa forma, a excelência em podermos fazer de nós mesmos, diante dos grandes desafios, algo muito melhor em relação ao pior que aí está estabelecido com cara de paraíso, com preço e data de validade para ser vivido.

Nada, em tempo algum, será maior ao que podemos descobrir quando ousamos em meio ao caos existencial. É nele que nos reorganizamos e que nos reconstruímos; entretanto, é preferível a desordem, pois, a ordem extrema está nos olhos dos infelizes.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior.
Psicólogo, Coordenador do Ateliê de Inteligência e do Núcleo de estudos Michel Foucault e do programa de prevenção a depressão, pânico e outros transtornos.