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sábado, 4 de agosto de 2012

Quantos já disseram que seria a última vez?




A finalidade dos sentimentos não reside na incansável tentativa em viver algo que possivelmente esteja tão morto, que exauri de nossas esperanças a mera lembrança de um sorriso ao final de um dia exaustivo, onde, o encontrar-se com o outro, torna-se uma tarefa extremamente sofrida e desestimulante. Só em pensar, dá vontade de trabalhar mais uns dois turnos de 8 horas.

A responsabilidade quanto ao que vivemos é pessoal, intransferível e jamais poderá anular  o outro, nem mesmo submetê-lo a intermináveis questionamementos, daqueles que esperamos que o outro fale tudo o que nossa paranóia precise para validar nossa neurose.

Não dá para sustentar, nem mesmo, carregar um bagageiro lotado de culpas, quando a fragilidade da relação tem como peso um enorme potencial destrutivo. É necessário que avaliemos periodicamete se realmente estamos vivendo o que merecemos, e se também estamos permitindo que o outro também o viva.

A relação, quando adoece, atinge a todos que dela participam ou se aproximam, sendo então, um grande um ato tirano, covarde e violento mantê-la apenas por tolas vaidades e outros interesses, afinal, os sentimentos, quando fogem aos propósitos do amor, agregam outros valores que estão muito distantes do viver bem, do tesão, da cumplicidade.

As relações transformam-se a partir daquilo que investimos, então, se agregramos exigências não satisfeitas em nós, imporemos ao outro a exigência em sermos gratificados, para apenas saciar intermináveis dúvidas que, verdadeiramente, massacram.

O amor refuta quaisquer  formas de cobranças, aliás, se cobramos, já estamos próximos da pior forma de convivência, pois, a suavidade dos melhores sentimentos não sustenta o peso de nenhuma forma de opressão.   

Por acaso, algum dia, ao término de um determinado relacionamento, você saiu “tateando” a vida, procurando encontrar-se  a si mesmo? Encontrou-se, ou, ainda sente-se como quem perdeu algo muito importante e, nem mesmo o mundo de fórmulas e receitas do tipo faça isso, faça aquilo, 12 princípios para mudar uma vida, o sucesso é ser feliz, e outras papagaiadas, por mais que o deixe animadinho por talvez 12 semanas, o fez encontrar-se a si mesmo?

Então, o que estará faltando? Aliás, onde, e em que parte da existência algum dia você se abandonou? Quais foram os motivos que o levaram a distanciar-se de si? Os medos que cultiva em si, mas, os atribui sempre ao outro?

As relações, quando mais rígidas, ao romperem-se, partem-se em milhares de fragmentos, e como estilhaços, deixam feridas que machucam profundamente, remetendo-nos à confusão quanto aos sentimentos; então, confundimos nossas dores agregando ódio para que justifiquemos responsabilidades que são pessoais e intransferíveis.

Se estruturamos nosso amor em bases flexíveis, por mais que emborque e pareça não suportar o peso das pressões, voltará  ao estado de repouso de forma forte,  mantendo a importância   dos sentimentos, mesmo em meio a milhares de trasnformações. O amor requer flexibilidade, lembre-se disso.

O amor não é um sentimento totalitário. Ele precisa da presença, da proximidade e do convivio com outras pessoas, afinal, caso venhamos exigir que se torne uma ilha isolada, nos privamos do direito em vivê-lo, tornando-o, apenas uma estada num resort de decepções e sofrimentos.

Quantas foram as vezes que você afirmou para si mesmo que seria a última vez que amaria daquela forma? Isso, realmente, foi um grande insigth, uma afirmação extrememente precisa, pois, caso se prontifique amar da forma que sempre amou, obterá os mesmos resultados e fará de sua estada nos resorts do sofrimento, um endereço fixo, onde, somente novos protagonistas encenarão o enfadonho teatro da desgraça existencial, semeando as velhas limitações próprias do que já perdeu a finalidade, a essência, os valores  e, pricipalmente, o respeito.

Aquele que tenta estabelecer ao que está sendo vivido expectativas de relacionamentos anteriores comete, mais uma vez, um grande desrespeito a si e ao outro, pois, se analisarmos bem, a pessoa torna-se apenas a representação de um corpo no qual é projetado e transferido paixões e amores mal resolvidos, arrastando-as por várias camas, vários tribunais, vários velórios e vales de profunda de angustia. 

Quantos são os que se enterram sem que jamais tenham conseguido sepultar vários sentimentos que deixaram para trás? Quantos foram sepultados pelo mal que mantiveram dentro de si, sendo então, eles, a sordidez em pessoa, afinal, se nem para si mantiveram respeito e lealdade, pois, jamais, consiguiram acender o brilho de uma chama que incandece o olhar todas as manhãs.

Vou, novamente, refazer a mesma pergunta que fiz ateriormente.  Quantas foram as vezes que você afirmou para si mesmo que seria a última vez que amaria daquela forma?

A afirmativa está corretíssima, afinal, só se é possivel desfrutar o amor caso consigamos transformar nosso olhar em relação ao mesmo, afinal, cada relacionamento que nos permitimos viver, requer uma identidade própria, construída a partir das expectativas de cada uma das partes que formam o relacionamento. Essas duas pessoas que, por serem tão diferentes, tornam-se tão imprescindíveis um ao outro.

É necessário que nos depojemos, não levando aos novos relacionamentos as pessaoas com quem nos relacionamos no passado. Quais são as circusntâncias onde transformamos novos relacionamentos nas angústias que não pudemos atender nas experiências passadas?

Quantos são os que transferem para os que com eles vivem um conjunto de leviandades do passado; culpas, cobranças, desconfianças e tantos outros traumas mal tratados? Um verdadeiro depósito de lixo emocional, cujo, fétido odor, contamina um enorme grupo de pessoas, destituindo o caráter da singularidade das relações, pertinentes ao amor.

 Assim mesmo, quantas tentativas em amar produzimos e forjamos antes que nos desfizessemos dos relacionamentos que encerram-se? Não dá para viver a crença que amar é uma coragem, um ato necessário num mundo que refuta a solidão, mas, a vive, muitas vezes, a dois. Isso é fuga e o prenúncio dos fracassos afetivos.

Diante de nossos fracassos, quais são então, os nossos recursos? Acusar uma infinita lista de pessoas, responsabilizando-as por aquilo que é individual?

Um ato de coragem é caminhar por diante da própria vida, buscando conhecê-la na intimidade sem que cobremos dos outros as responsabilidades que são pessoais. Então, é necessario que nos conheçamos e aprendamos que no campo do amor vivemos o que estruturamos.

Não dá para entrar sangrando na casa de quem quer que seja. O lugar certo não é o coração do outro para ser para ser feliz, mas, o seu próprio, para viver a intensa felicidade, assumindo-se como potencial autor a reescrever sua história e a de mais ninguém. Quem acredita que irá mudar a vida de outrem, nada mais fará, senão, destruí-la e destruir a sua própria.



Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência



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