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sexta-feira, 1 de junho de 2012




       Restaurando os pilares da emoção



Sinceramente, essa euforia, na contemporaneidade, em relação ao que parece ser confortável,  nada mais é, senão, uma forma em negar as dores que gritam dentro de cada um por socorro e um minuto de atenção. Essa falsa impressão que cada um constrói em si de um tempo dotado de grandes ganhos, nada pode representar quando os referênciais são perdidos, ou então, atirados em um canto, ou mesmo, debaixo da cama, por que sobre ela existem corpos que apenas consomem-se em ritos sexuais, pois, o ato erótico pleno, já a muito, está por detrás das portas, olhando pelas fechaduras envolucros amorfos que movem-se desprovidos de sincronicidade, emoção e cumplicidade. 

Quantos são os que, em nome do nada, e esse nada, são valores que não mais existem, mantém uma relação apenas para que possam manifestar para sociedade um padrão familiar que é encerrado ao fechar das portas de casas, apartamentos e outras dessas coisas que, em algumas circunstâncias, são as celas particulares, ou, semelhantes aos aterros sanitários, cujo lixo vai se avolumando e logo será consumido pela fermentação, cuja trasformação, adentra o sub solo, contaminando o que estiver à frente.

Assim, aos filhos que convievm no mesmo espaço, resta-lhes a melancolia que transita entre as lembranças de dias bons e o sonho em livrarem-se daqueles pesadelos, cujos, conteúdos dilaceram, contaminam, adoecem e, por muitas vezes, matam.  

Não dá para perguntar aos filhos que atiraram-se no vazio, em  busca de um chão, para confortarem-se na morte. Infelizmente, não dá, pois, não houve tempo, afinal, todos estavam ocupados nos próximos capítulos da peça que encenam, em busca de aprovação social, sexual ou tantas outras auto-afirmações que encerram-se no girar das chaves. 

Misérias humanas vestidas de púrpuras, sob as mais requintadas rodas, exalando os fortes tons de seus perfumes franceses, nos bares, restaurantes, boates e etc,  onde, a beleza, nada mais é, senão, a representação onírica do horror que se esconde no âmago de emoções comprometidas e hipotecadas ao adoecer que as espera.

Estamos diante de uma sociedade que, como num processo de caquexia, onde o corpo consome a si mesmo, na tenatativa em nutriur-se, dilacera-se e coloca a perder possibilidades grandiosas quanto ao exercício do que somente pode ser conquistado em meio a construções diárias, mudanças de planos e revisão contínua de valores, adequando-os à necessidade que há em cada um de nós em ser feliz. Me diz uma coisa: Você o é? Como sente sua felicidade? Onde? Ou então, quanto tempo mais irá se sujeitar ao auto-abandono e a dependência emocional?

Reagir consiste em assumir-se em meio ao caos e dispor-se, restaurar os pilares da emoção, reedificando-se e reescrevendo sua história, compondo novas possibilidades que tragam sopros de vidas e o estabelecer de novas formas em relação ao que necessita ser vivido.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior. Psicólogo e um dos Coordenadores do Ateliê de Inteligência e do programa de prevenção a depressão.

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