O leviano
Aprendi a lidar com as calúnias como quem assiste a uma
comédia, pois, meu riso pode ser um veneno a quem não sabe por onde começar, a quem
faz da liberdade o instrumento para tentar açoitar as pessoas. No entanto, cada
palavra do leviano é como um golpe cortante contra si mesmo, pois, somente ele,
ninguém mais, vê nas próprias mentiras, a única razão para compreender-se como
ser humano, afinal, em seu auto-conceito e na sua rebaixada alto-estima, um rato
é muito maior e mais valoroso do que ele se sente.
A leviandade é o instrumento dos desprovidos de argumentos,
dos que tentam, em suas verborrragias, convercer a todos de suas fantásticas mentiras.
O mais engraçado disso é que são tão imbecís que acham que todos acreditam,
quando, na verdade, são o melhor motivo para nosso riso. Por isso, como disse
no início, são uma verdadeira comédia.
O leviano contempla suas ecolalias e suas falas internas contínuas, como um ato de
bravura, sempre fantasiando, ou, delirando estar fazendo um grande feito, mas,
no entanto, todos sabemos onde essa
bravura encerra-se, ao deparar-se com o contraditório, ou mesmo, com as versões
que desconstroem as farsas por ele sustentadas. Logo, adentra nos campos da
histeria, sendo seu espetáculo sempre repleto de apresentações teatrais.
O leviano é mais ou menos isso mesmo, um nada em busca de
público para as mentiras que, aos poucos, o devoram, sendo o seu próprio mal a
busca de uma forma em destruir-se, porque viver, a quem tem tal característica
é um grande enfado, um grande açoite e uma noite sem fim, sem sequer a presença
da lua e das estrelas.
O leviano nega suas verdadeiras intenções, afinal, uma de
suas especialidades é a vingança contra quem escolhe para justificar o fracasso
que é e ocultar a perversidade de uma
personalidade desprovida de limites e afetivamente pobre, revelando assim, a
fragilidade que tenta fortalecer-se de seus próprios medos frente ao nada que
se sentem.
Uma das piores partes para um leviano é deparar-se com um
igual, afinal, jamais suas histórias podem ser menores em relação as do outro,
por isso, sempre estão em meio a ofensas e brigas até com suas próprias sombras.
Pobre miserável, mal sabe ele que a infelicidade é sua característica mais
marcante.
Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo e um
dos coordenadores do Ateliê de Inteligência.
ateliedeinteligencia@gmail.com
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