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sexta-feira, 23 de março de 2012

Pai, a dignidade é o alimento dos valente...






Reconheço o devido valor de nossos dias, mesmo diante dos mais severos invernos ou, nos outonos, onde, por um pequeno período, nos despimos de nossas vaidades para, em seguida, nos refazermos num novo florescer.

Assim estou, nesse meu momento, tão meu, à princípio, tão triste, mas, com o passar dos dias, repleto de descobertas que somente podem acontecer em virtude do exemplo de quem semeou a existência como um jardineiro que faz de uma pequena semente o mais belo pomar, e de seus frutos, prepara novas mudas para que delas , no porvir, possa alimentar a muitos, provendo o doce sabor que agora, como nunca antes, posso chamar de amor.

Ah, meu amado pai, não bastava ser o meu mestre em vida, mas agora, a todo o momento, passo a compreender que cada sentimento de saudade é transformado pelas experiências vividas e pela ausência sentida na proximidade mais presente. Agora, quando a saudade bate mais forte, fecho os olhos e juntos estamos. Assim também foi para o senhor, quando em seu momento mais pessoal, sentiu saudades de nosso grande pai, D-US, O Eterno, e num piscar de olhos, juntos puderam estar.

Não há como deixar de compreender que há aqueles que sempre estarão em pleno deserto existencial, para esses, o nada será o seu fruto, porém, com o senhor, papai, pude ver o milagre da vida, onde, em pleno deserto, há um grande florescer, fazendo-nos sempre acreditar que as intempéries da vida, nada mais são, senão, estações que, por pequenos períodos, passam, mas se mantivermos a dignidade, até mesmo diante do mais cruel inverno, sobreviveremos ao final dele com a alegria no olhar e com um discreto sorriso, contagiaremos a todos com nossa retidão e caráter.

É pai, a dignidade, sem dúvida, é o alimento dos valentes e a retidão de caráter, bem mais doce que os nobres vinhos produzidos nas mais cortejadas vinícolas.

Não há como negar que a sensatez e o silêncio são o ouro extraído de jazidas intermináveis que aos poucos desbravamos em cada uma de nossas atitudes, ao longo dos anos, diferentemente daqueles cujas lavras são lama, enxofre e ferrugem.

Assim, compreendemos que a excelência da existência não encontra-se na leviandade, mas, fundamenta-se em cada uma de nossas nobrezas em poder entrar e sair de cabeça erguida, sempre trazendo na face a coragem em enfrentar todas as realidades, até mesmo a morte, se assim necessário for.

Com o senhor aprendi que o sábio jamais negará suas dores, nem mesmo deixará de chorar suas lágrimas, ao contrário, fortalecerá a muitos, ensinando-nos que nada pode furtar a felicidade que trazemos em nosso peito,e se assim o fizermos, honraremos a grande oportunidade que reside no existir.

Como bem escreveu sua nora, Renata Tolentino Fleury, “Resta agora a saudade imensurável de sua companhia tão doce, de seu olhar tão profundo, de seu silêncio tão eloqüente, de suas palavras tão sábias... Saudade do marido amoroso, do pai zeloso, do avô companheiro, do bisavô carinhoso, do amigo fiel e patriota. Foi-se o herói que deixou uma grande lição de vida”.


Marcus Antonio Britto de Fleury Junior (Marcus Fleury) é psicólogo. ateliedeinteligencia@gmail.com

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