Se o amor falhou... Parte I
Se o amor falhou, não se preocupe... Você pode tentar sempre mais vez! (Parte I)
Será que o amor falha? Uma maravilhosa pergunta que somente quem o vive, ou um dia o viveu, poderá responder, afinal, como seria se as certezas fossem tão reais? Elas, as certezas, representam os mais variados aspectos que envolvem e formam o contexto de uma relação, pois, as mesmas, vão se definindo a partir daquilo que somos e do que acreditamos precisar.
O amor não é uma proposta cartesiana, não é uma regra matémática; aliás, regras, no contexto do amor, colacam-no, na maior parte das vezes, a distanciar-se das finalidades dos sentimentos, furtando e emprobrecendo as emoções que constituem-se na parte gostosa do que nos motiva a querer sempre mais, mais, mais e mais.
É aí que está o prenuncio dos fracassos afetivos. Quando queremos mais, mais, mais e muito mais, sem sequer estarmos preparados para o pouco que lentamente, num processo natural e saudavel, deveria se transformar no todo de uma relação.
Então, diante de nossas pressas, e da nossa fúria compulsiva, impomos ao outro a obrigação duma responsabilidade que nos é pessoal, exigindo que seja o complemento do que não somos, ou, daquilo que não proporcionamos a nós mesmos. Está cada vez mais evidente que ninguém pode ou está afim de ser responsabilizado pelas buscas de quem quer que seja; se assim o fizermos, sacrificamos as possibilidades em vivermos a grandiosidade dos sentimentos e emoções.
Quantas vezes somos os homicidas das melhores partes de nós mesmos? Sim, somos nós os responsáveis pelo que investimos, ou, por aquiilo que deixamos de investir. Então, cada um é o único responsável pela relação a qual vive. Não adianta, por pior que esteja a convivência, ficar apontando em uma direção, afinal, se nos permitirmos viver o que é bom, fizemos uma escolha; se permitimos viver o que é péssimo, também a fizemos.
A responsabilidade é pessoal, intransferível e exclusiva, não permitindo a anulação do outro, nem mesmo, o horrível questionamento, ou, as chatíssimas sentenças acusatórias. Não dá para sustentar culpabilidade, quando, na realidade, a fragilidade está no contexto das relações. A relação, essa sim, é doente e, consequentemente, adoece a todos que dela participam, ou, se aproximam, tornando-se uma violência contras as identidades, as culturas e às estruturas de personalidade.
As relações transformam-se a partir daquilo que investimos, então, se agregramos exigências não satisfeitas em nós, imporemos ao outro a exigência em sermos gratificados com aquilo que nos é uma exigência para o que denominamos de amor.
O amor refuta quaisquer formas de cobranças, aliás, se cobramos, já estamos próximos da pior forma de convivência, pois, a suavidade dos melhores sentimentos não sustenta o peso de nenhuma cobrança.
Algum dia, ao término de um determinado relacionamento, você saiu “tateando” a vida, procurando encontrar a si mesmo? Encontrou-se, ou, ainda sente-se como quem perdeu algo muito importante? Uma peça que faz mover todas as outras para que dê movimento aos sentimentos, como se os mesmos fossem máquinas, ou, então, resultados de algumas dessas fórmulas ou receitas prontas?
Então, o que estará faltando? Aliás, onde, e em que parte da existência algum dia você se abandonou? Quais foram os motivos que o levaram a distanciar-se de si? A desesperança que tem em si mesmo, mas, que atribui sempre a alguém?
As relações, quando mais rígidas, ao romperem-se, partem-se em milhares de fragmentos, e, com os estilhaços, deixam feridas que sangram, levando-nos, diante de nossas fragilidades, à mais profunda confusão dos sentimentos. Aí confundimos nossas dores com ódio, então, sofremos, e para justificarmos nossas ausências, nossas responsabilidades sempre buscando um culpado para o que é pessoal e intransferível.
Se estruturamos nosso amor em bases flexíveis, por mais que emborque e pareça não suportar o peso das pressões, voltará ao estado de repouso de forma forte, mantendo a impotância dos sentimentos, mesmo em meio a milhares de trasnformações. O amor requer flexibilidade, lembre-se disso
.
O amor não é um sentimento totalitário. Ele precisa da presença, da proximidade e do convívio com outras pessoas, afinal, caso venhamos a exigir que se torne uma ilha isolada, nos privamos do direito em vivê-lo, tornando-o, apenas uma estada num resort de decepções e sofrimentos.
Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano escolar e familiar.
ateliedeinteligencia@gmail.com
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