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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Dr. Salomão , tomei os "cuidados necessários" Eu acredito na Justiça.








Sabemos que os controladores de sistemas de manipulação social e dominação econômica, sempre, ao verem-se ameaçados por argumentações e comprovações quanto a fragilidade e ineficácia de suas práticas, utilizam-se da tentativa em constranger e ofender aqueles os opõem, tratando-os publicamente como “atrasados”, “retrógrados” e outros adjetivos pejorativos. O intuito, todos bem sabem: desviar a atenção do público , ou mesmo, desestimulá-los quanto ao debate de idéias.

Assim, usando estratégias e técnicas de oratória que tem a finalidade em trazer a atenção do público para si desviando de outros debatedores, o recurso é diminuir, logo de início, a importância do conhecimento, da fala, do conteúdo do debatedor que coloca expostas as finalidades de determinadas formas de tratamento que açoitam a dignidade humana.

É bom que nos lembremos que no Brasil temos mais de 300.000 vítimas de um sistema voraz, devastador e completamente distanciado do que podemos compreender como tratamento em saúde mental. Somente na cidade de Barbacena, MG, o mais cruel hospital psiquiátrico, fez 60.000 vítimas. Eram tantos os mortos que a atividade econômica mais rentável da instituição era vender os corpos que ali morriam para faculdades tornando-os “ peças de estudos anatômicos”.

Para o fornecimento de ossos os corpos eram cozidos em tambores de gasolina, na presença de outros pacientes cujos registros do horror agravavam suas condições psicológicas.

Dormiam sobre capim e feno. Alguns morriam sufocados e somente eram encontrados quando os corpos já em putrefação exalavam forte odor.

Os pavilhões não dispunham de pratos , nem talheres, nem mesas ou cadeiras para que os pacientes pudessem se alimentar dignamente. Lá a comida era lançada em cavidades parecidas cochos de dar comida a gado.

Tais horrores perduraram quase 70 anos desde 1903. Apenas no início da década de 1980, a realidade manicomial começou a sinalizar possibilidades de mudanças, afinal, novas formas de tratamento ao SER HUMANO, bem como, o surgimento de grupos que culminaram no Movimento Antimanicomial no Brasil que desencadearam uma das maiores conquistas e avanços na história das políticas públicas de saúde em nosso país.

O movimento anti-manicomial, ganhou força no ano de 1987, na cidade de Bauru (SP), espalhando-se por todo Brasil e ganhando respaldo político, tendo o deputado Paulo Delgado, encampado a bandeira por uma reforma psiquiátrica no Brasil.

No ano de 1989, o Deputado Paulo Delgado, deu entrada no projeto de lei que resgataria a dignidade daqueles que estavam lançados atrás dos muros, invisíveis aos olhos da sociedade e destituídos de tratamentos dignos e modernos. 12 anos depois, no ano de 2001, após travar uma grande luta contra a ideologia manicomial e grupos poderosos que faziam da “loucura” um negócio extremamente rentável, que a Lei da Reforma Psiquiátrica ou lei Antimanicomial, n° 10.216, foi aprovada.

São 10 anos de luta, na construção e implantação de novas políticas em saúde mental, cuja bandeira é a redução contínua dos leitos manicomiais, a desinstitucionalização, a estruturação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), de amplas redes substitutivas, da estruturação de leitos em hospitais gerais, dos programas de volta para casa, dos programas de geração de renda, das residências terapêuticas e outros que ao serem elaborados e implantados em favor das políticas de saúde mental libertem e transformem as relações, tratando o ser humano com dignidade e profundo respeito às suas necessidades.
Defendo abertamente a necessidade de trabalhos formados por equipes multidisciplinares, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, sociólogos, filósofos, afinal, as hierarquias não são estáticas e cada uma em seu saber tem sua relevância epistemológica, que devem estar agregados a um projeto voltado a políticas públicas em saúde mental. Não há, em momento algum, menor possibilidade em excluir uma profissão das novas formas em se trabalhar a saúde mental, todos devem estar integrados , compreendendo e atendendo as demandas existentes

Após expor o que acredito sem nenhum momento atacar, ou sequer, ofender o ponto de vista dos outros debatedores, fui duramente agredido de forma verbal pelo Dr. Salomão Rodrigues Filho, ao se referir à minha pessoa e ao meu discurso “como atrasado”. Entretanto, compreendi muito bem sua intenção em tentar desconstruir a importância do que estava contido na minha fala;mas, ao que parece, foi uma estratégia mal sucedida, pois não perdi minha compostura, nem minha habitual educação, agradecendo-o por me considerar “atrasado”, pois indignado eu ficaria se fossemos tidos por iguais; reforçando, nesse momento, que éramos diferentes, muitíssimo diferentes.

Assim, voltei a falar sobre o tema, sempre defendendo minha tese, e ouvindo a exposição de outras técnicas de forma democrática; mesmo não concordando, mas, naquele momento, era importante que todos pudessem fazê-las.

Escutei até mesmo o Dr. Salomão Rodrigues Filho defender e reconhecer o uso de Eletro-convulso-terapia (Eletro Choque), mesmo não concordando com tal técnica, aquele era o seu momento para que pudesse ser compreendido, não sendo meu direito, usar de uma postura para ofender ou humilhar a quem quer que seja. Esses não são e jamais serão meus princípios.

Mesmo mantendo essa postura, ao final do debate, fui chamado de retrogrado , mas ouvi até que me fosse dado o direito em fazer uso da palavra, então eu disse : “Dr. Salomão, nos tempos da sobriedade punitiva prefiro ser considerado um retrógrado e continuar a defender o dignidade do ser humano, a defender números e cifras”.

A elaboração de minha fala, teve como fundamento a importância quanto a uma mudança de postura, observando os aspectos qualitativos, afinal , o psiquiatra , deu muita ênfase verbal aos aspectos quantitativos com base em índices, números e estatísticas.

Nesse momento então, o presidente do Cremego, Dr. Salomão Rodrigues Filho, chamou-me de “desrespeitoso”; fato esse que considero seu direito, mesmo, tendo ele, em diversos momentos, desferido ofensas à minha pessoa.

Entretanto, ao cumprimentá-lo, educadamente, ao termino do da audiência pública, proposta pelo ilustre Vereador Djalma Araújo, fui surpreendido com um comportamento não adequado a quem ocupa a presidência de uma conselho que representa uma categoria tão honrada . Com o dedo em riste em direção ao meu rosto, passou a gritar: “ Cuidado, muito cuidado, a partir de hoje tome muito cuidado”.

Nesse instante, o repórter da Rádio Brasil Central, Wanderley Araújo, estava com seu gravador entre nós , registrando o lamentável fato,inclusive a ameaça que me foi feita de forma velada. Foi então, que o Dr Salomão Rodrigues Filho, arrancou violentamente o gravador das mãos do jornalista , arremessando-o com fúria ao chão destruindo o equipamento.

Tais fatos foram levados a conhecimento das autoridades policiais, no 1 Distrito de Goiânia, bem como, ao Conselho Regional de Psicologia - CRP/09.

Psicólogo Marcus Antonio Britto de Fleury Junior

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