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sábado, 1 de outubro de 2011

O perdão que cura





O perdão é a condição que nos liberta dos males que trazemos em nossa alma, livrando-nos do veneno que consome o melhor que somos e o que temos. Portanto, qual de nós não necessita rever suas vivências, tornando assim, a existência, uma fonte de alegrias, mesmo diante das mais sangrentas batalhas que possamos ter travado em nossos dias?

Conheço heróis que, diante de suas incapacidades em pedir ou oferecer a si o banquete do perdão, assentam-se nas escadarias da miséria interior, pois, ao renunciar a oportunidade em reverem-se, alimentam-se do fétido e ácido lixo emocional. Assim, acrescentam aos seus dias, angústias, amarguras e depressões que culminaram numa intensa fragmentação biopsicosocial.

Tais pessoas transformam seus corpos no “teatro da mente”. Nele encenam a história do horrror, vivendo as mais variadas dores, para que, nelas, possam se sentir vivas, pois, para tais, não existem outros motivos, senão, a tragicidade que as anima em direção ao que intensamente procuram para justificar o vazio que tornou-se seus dias. Psicologicamente, sempre buscam “a vingança”, como quem persegue uma barata, afim de atormentarem-se com a pequenez do ser que projetam em suas criações imaginárias, definindo o simbolismo que revela quem são.

Aquele que traz consigo o ódio, mantém alguém simbolicamente vivo, investindo seu tempo apenas contra si mesmo, afinal, o odiado, sequer se lembra de quem o odeia, estando esse, resignado no objetivo em construir sua felicidade e, consequentemente, desfrutar dos prazeres em amar a si mesmo, sem perder o foco naquilo que não faz parte de seus dias.

Parafraseando Freud: “Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras”. Portanto, quais são os laços emocionais que temos construido em nós mesmos? O do ódio? Então, isso justifica a escalada crescente da violência que consome a sociedade numa verdadeira guerra, afinal, o verbo odiar, está muitas vezes tão escondido que assalta e vitima muitas vidas.

É possivel que cada um conheça o melhor que pode oferecer a si mesmo, sem temer o encontro com seu Eu, construindo sempre um novo significado que proporcione integração com sua própia história e não com anulação da mesma.

Nesse Yom kipur, dia do perdão que se aproxima, desejo que cada um possa rever-se e transformar sua história, abrindo as janelas interiores de suas vidas e convidando a existência para soprar um vento de cura e trasnformação, despedindo-se assim, do ódio, pela porta da frente, enfrentando-o e encorajando-se a dizer-lhe o adeus.

Marcus Antônio Brito de Fleury Junior. Psicólogo e coodenador do Ateliê de Inteligência.

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