Você é politicamente correto? Eu , não .
Você é politicamente correto? Eu não ...
Ao escrever esse texto, havia terminado a leitura de um livro do Içami Tiba: “Juventude e Drogas: Anjos Caídos”. Então, o associei a diversos casos que envolvem profundos sofrimentos e perdas e, em muitos deles, posicionar-se, pontuando o contexto, dialogando com os filhos sem preconceito, sem temer expor seus conceitos pessoais, sabendo que isso pode salvá-lo de algum ato que comprometa sua integridade física e mental.
Certa vez, uma criança me disse: “Como vou descobrir sozinho o que pode ser bom?
Preciso de ajuda, tenho sofrido muito para descobrir tudo sozinho. Eu não sei como fazer”. Isso me balançou , mas, nada poderia me aproximar daquilo que essa criança estava passando, afinal, em plena infância, ela estava acometida por um elevado nível de estresse, tendo seu sistema imunológico rebaixado e apresentando alergias, resfriados e bronquites contínuas e a depressão, sinalizando uma possível apresentação no palco de sua mente, pois no palco de seu corpo, possivelmente, ela já encenasse o primeiro, de uma peça aterrorizante.
Os pais diziam estar envoltos em seus trabalhos e acreditavam que a escola e o contexto em interagir com os colegas, seriam, em grande parte, necessários para a formação da personalidade do filho. Mas, então, o que adianta ser tão bem sucedido nos negócios, atingir metas, considerar-se politicamente correto, além de outras dessas besteiras que hoje se tornaram padrões para pretensos “corretos” infelizes?
Nada está tão politicamente correto que nos remeta a omissão, permitindo que o amanhã, sob a desculpa da ética, transforme nossas próximas gerações na pior parte de nosso silêncio. Assim, tenho acompanhado o sofrimento de pais e filhos que engolem a angústia e negam o que necessitam dizer uns aos outros, justamente pelo receio em não serem compreendidos e, conseqüentemente, excluídos.
Mas, que sociedade é essa que tanto exige sem nada oferecer? Ela é o inverso do discurso que apregoa, e se protege blindando-se nos juízos de valores que hoje, nada mais são, senão, sentenças veladas a espera do primeiro pedido de desculpas, para prosseguir o espetáculo do escárnio, onde impõem a necessidade do perdão, como num rito de suplício, a espera de um brado desesperador e arrependido, para em seguida conceder compaixão ao “desvalido” .
Assim, transformam nossas mentes num verdadeiro campo de batalhas, onde há um só gladiador, uma só vítima, que pode ser você.
Estamos nos abandonamos, aceitando os modelos e padrões que são colocados como posturas éticas, e politicamente corretas, “goela abaixo”, renunciando , dessa maneira, a melhor parte de nossa história, sendo essa, a existência que temos a construir e vivenciar intensamente a troco de aceitação social.
O que é ser politicamente correto? É, por acaso, não poder discutir posturas que não são adequadas para a nossa vida? É estabelecer minha orientação sexual, baseando-me nas tendências do momento para não ser taxado de reacionário, careta, ou mesmo, preconceituoso? É abrir as portas da minha casa e dizer, venham, transem à vontade e, quando terminar, limpem o tapete? É assistir ao “Big Brother” e ser obrigado a compactuar com o que ali é vomitado em nossas casas? É “liberar geral”, porque a bebedeira rebaixou a instância psíquica que estabelece parâmetros de auto-preservação? É aceitar Jesus, falar em amor e me esconder por detrás do evangelho, açoitando aos que não compartilham do que penso? Então, se essas forem as exigências, às favas, todas elas, pois com muita satisfação, sou com muito orgulho, politicamente incorreto.
Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo , e um dos coordenadores do programa resignificativo e preventivo aplicado a crianças e adolescentes no contexto escolar, familiar e social do Ateliê de Inteligência
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home