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sábado, 14 de julho de 2012

As máscaras que escondem as temerárias medusas


   



Os que fazem das predileções à determinadas pessoas em detrimento a outras, geralmente no âmbito familiar, nada mais fazem, senão, assumir o ódio que trazem em suas histórias e na constituição de sua personalidade. No dia-a-dia, para conviver socialmente, constroem uma imagem perante a opinião pública como alguém, cuja bondade e semblante de profunda misericórdia, investidas na performance de uma criatura sofrida e desamparada,  venha merecer de todos a devida atenção a qual justamente se negam a oferecer.  

Tais pessoas mantêm um elevado egoísmo e uma neurose não assumida que se manifestam justamente nas predileções, pois, um dia, em suas infâncias, sentiram-se rejeitadas e, para deslocar suas angústias e promover o sofrimento a outras como forma compensatória de toda dor que sentem, deslocam sobre alguém, a quem sentem bem próximo, todo mecanismo de ódio e frustração, tentando criar no outro, o qual rejeita, um espelho para que possa contemplar a si mesmo e ver seu teatro de horrores encenados no corpo de outra pessoa, manifesto em tristeza e frustração, sendo isso, o alimento de seu interminável ódio não tratado.

A psicanálise nos permite ir muito mais além, considerando, claro, a importância de todos os outros vieses, afinal, a cada um é designada uma importância. No contexto da interpretação e análise, Freud, nos lançou num vasto oceano: o inconsciente. Nele somente, nos resta fazer um grande mergulho em busca do que somos, ou, então, do que não somos quando apresentamos ser algo, sem que jamais passássemos sequer tão próximos das fantasias que vestimos e das máscaras que escondem a face temerária de Medusa, com suas assustadoras serpentes no lugar dos cabelos e na representação do ódio implícita no olhar, muitas vezes, escondido, pela aparência angelical, pois, se empenhará em ir até o fim, destinando às pessoas a quem deseja vingar-se toda sua desgraça e horror interno.

A psicanalista austríaca de origem judaica, Melaine Klein, dizia que “a imagem se origina do olhar da mãe”. Então, a criança, capta através do olhar materno tanto o afeto, como a rejeição, pois, para ela, a mensuração não se baseia em pouco ou muito, mas sim, em existente ou inexistente.

Assim, nos é possível compreender a personalidade daqueles que ensaiam nas palavras a beleza negada pelo olhar, dentro de uma estrutura que reside uma grande ambivalência, e que, para livrar-se de sua própria angústia, desloca toda sua pulsão de ódio, visando atingir a alguém, para assim, vingar-se no corpo de outrem, cujo sofrimento, será seu alimento e a renovação do veneno que corre nas jugulares da medusa que traz dentro de si.

Tais pessoas, desde que queiramos, tornam-se facilmente identificáveis, estando as mesmas, sempre às voltas de alguma situação que possa reviver seu ódio e implantar a vingança; claro, nunca assumindo suas reais intenções, mas, sempre usando de um jogo de palavras e comportamentos, para que possam enganar a muitos, pois, a arte do engano e da dissimulação é a fonte de um gozo ao qual se sentem vingadas, afinal, o prazer para quem é assim, não passa de um contexto de perversões, onde tudo vale, até que a dor seja manifesta em outrem, principalmente, os que estão próximos, pois assim, imaginam perpetuar em outros corpos a mesma desgraça que são suas vidas, para que possam contemplar com seus próprios olhos o grande mal que sempre buscam fazer.



Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano escolar e familiar.

ateliedeinteligencia@gmail.com






























































































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