Restaurando
os pilares da emoção
Sinceramente, essa euforia, na contemporaneidade, em
relação ao que parece ser confortável,
nada mais é, senão, uma forma em negar as dores que gritam dentro de
cada um por socorro e um minuto de atenção. Essa falsa impressão que cada um
constrói em si de um tempo dotado de grandes ganhos, nada pode representar
quando os referênciais são perdidos, ou então, atirados em um canto, ou mesmo,
debaixo da cama, por que sobre ela existem corpos que apenas consomem-se em
ritos sexuais, pois, o ato erótico pleno, já a muito, está por detrás das
portas, olhando pelas fechaduras envolucros amorfos que movem-se desprovidos de
sincronicidade, emoção e cumplicidade.
Quantos são os que, em nome do nada, e esse nada, são
valores que não mais existem, mantém uma relação apenas para que possam
manifestar para sociedade um padrão familiar que é encerrado ao fechar das
portas de casas, apartamentos e outras dessas coisas que, em algumas
circunstâncias, são as celas particulares, ou, semelhantes aos aterros
sanitários, cujo lixo vai se avolumando e logo será consumido pela fermentação,
cuja trasformação, adentra o sub solo, contaminando o que estiver à frente.
Assim, aos filhos que convievm no mesmo espaço,
resta-lhes a melancolia que transita entre as lembranças de dias bons e o sonho
em livrarem-se daqueles pesadelos, cujos, conteúdos dilaceram, contaminam,
adoecem e, por muitas vezes, matam.
Não dá para perguntar aos filhos que atiraram-se no vazio,
em busca de um chão, para confortarem-se
na morte. Infelizmente, não dá, pois, não houve tempo, afinal, todos estavam
ocupados nos próximos capítulos da peça que encenam, em busca de aprovação
social, sexual ou tantas outras auto-afirmações que encerram-se no girar das
chaves.
Misérias humanas vestidas de púrpuras, sob as mais
requintadas rodas, exalando os fortes tons de seus perfumes franceses, nos
bares, restaurantes, boates e etc, onde,
a beleza, nada mais é, senão, a representação onírica do horror que se esconde
no âmago de emoções comprometidas e hipotecadas ao adoecer que as espera.
Estamos diante de uma sociedade que, como num processo de
caquexia, onde o corpo consome a si mesmo, na tenatativa em nutriur-se, dilacera-se
e coloca a perder possibilidades grandiosas quanto ao exercício do que somente
pode ser conquistado em meio a construções diárias, mudanças de planos e revisão
contínua de valores, adequando-os à necessidade que há em cada um de nós em ser
feliz. Me diz uma coisa: Você o é? Como sente sua felicidade? Onde? Ou então,
quanto tempo mais irá se sujeitar ao auto-abandono e a dependência emocional?
Reagir consiste em assumir-se em meio ao caos e dispor-se,
restaurar os pilares da emoção, reedificando-se e reescrevendo sua história, compondo
novas possibilidades que tragam sopros de vidas e o estabelecer de novas formas
em relação ao que necessita ser vivido.
Marcus Antonio Britto de Fleury Junior. Psicólogo e um
dos Coordenadores do Ateliê de Inteligência.
Postado por Marcus Fleury às 21:20
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