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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A importância da psicologia no campo do urbanismo


 


 

 

Muitas vezes fui interpelado quanto à  finalidade  da psicologia em relação ao planejamento e urbanismo. Algumas vezes, quando considerava a possibilidade de enriquecer o diálogo, ofereci as respostas de volta, caso contrário, sem nenhum constrangimento, devolvia a pergunta com um: Essa é uma boa pergunta, tente responde-la para mim.

 

Não vejo, em momento algum, necessidade em satisfazer expectativas de ninguém, as minhas já me bastam. Aprendi, ao longo dos anos, em meio as mais variadas experiências, como lidar com adversidades, considerando a importância de todas as pessoas, porém, não desconhecendo o valor que tenho que dar a mim mesmo, relembrando que agradar é exaustivo, e que a vida, por si só, pode ser um grande engano, caso seus donos esperem resultados sem se disporem a construir algo, mediando satisfações e frustrações, reconhecendo que, em ambas situações, há a consolidação de projetos, afinal, esses sentimentos desencadeiam processos que nos fazem um pouco mais prontos para novos desafios. Volto, hoje, a repetir uma das citações de Michel Foucault: “Não pergunte quem eu sou e não me peça para não mudar.”

 

Via, na expressão viva de alguns “rostos mortos”, ressuscitados pela perversidade, o prazer das perguntas, como canal de embaraço, bem como, desprazer e ódio intensificados na ausência de respostas. Porém, em outros momentos, quando aderia ao debate sobre a importância da psicologia no campo do urbanismo, observava que isso fazia surgir um novo olhar quanto à função psicossocial do uso e ocupação do solo, do ordenamento físico territorial devido à relevância existente na inter-relação entre o espaço físico  construído ou não, o indivíduo e as temáticas desencadeadas pela extensa relação, onde estão intrínsecos identidade, cultura e subjetividade.

 

 

Nesse contexto, onde os aspectos físico-sociais desencadeiam fenômenos complexos, requer-se a interdisciplinaridade, ampliando, dessa forma, as discussões   em relação ao espaço físico que se move numa dinâmica desencadeada pelas múltiplas relações presentes, estando nessas questões, desde a dimensão temporal (o ontem, o hoje e o amanhã); o desenvolvimento de uma cultura pro-ambiental,  minimizando assim, catástrofes como as ocorridas em Santa Catarina, e as severas conseqüências que, aos poucos, se revelam aos indivíduos, causando infortúnios de grande impacto psicológico e social em relação às descaracterizações impostas aos bairros pelos grandes conglomerados econômicos que, visando unicamente o lucro, sempre em meio aos antigos discursos de progresso, prosperidade, tecnologia e tantas outras “baboseiras”, edificam suas fortalezas sobre as nossas histórias promovendo processos de perda de referências quanto a identidade e cultura.

 

Estabelecer critérios, definir leis e planejar requer desfazer-se da vaidade dos saberes, compreendendo que cada situação irá determinar a metodologia e não o contrário. Pode-se ter muitas informações quanto a um determinado espaço físico urbano,  entretanto, a dinâmica desse local  é  estabelecida pelas redes sociais que, frente a qualquer alteração, irá manifestar-se expondo a linguagem do desconforto a partir da agressão a identidade, promovendo, desde as mais simples pixações, com suas linguagens de complexa interpretação, até mesmo os graves e severos conflitos urbanos, proporcionando a elevação dos fenômenos sociais, sendo os mesmos, as respostas que desconstroem as expectativas dos teóricos em suas quase deliroides tentativas em transformarem-se em super-heróis. A civilização não os quer, afinal, vem aprendendo que para existir um “super” em algo, muitos serão diminuídos e relegados a mais profunda exclusão.

 

A psicologia ambiental vem surgindo silenciosamente, trazendo a proposta multidisciplinar, onde, cada elemento urbano deve ser visto com um olhar específico, aliando a antropologia e sociologia, a história, a arquitetura, filosofia, a biologia, a geografia, o paisagismo, a  medicina e outras áreas no intuito em articular expressões do patrimônio imaterial para a compreensão não somente da construção, mas a identidade cultural de uma dada comunidade.

 

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior.

Psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência.

ateliedeinteligencia@gmail.com

 

 

 

 

 

 

        


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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