Aprendi!
Aprendi...
Não conservamos nossas amizades quando aceitamos aquilo que nos incomoda, alías, se assim procedermos, além de sermos cruéis com as pessoas que pensamos que gostamos, trairemos o nosso próprio caráter ao anularmmos nossas avaliações sobre posturas que muitas vezes podem ser melhoradas e, até mesmo, corrigidas através de críticas. O bom amigo é aquele que pontua, que fala de suas crenças abertamente, tendo sempre a liberdade em bater na mesa visando, claro, o melhor a quem dedica sua amizade.
Os verdadeiros amigos são poucos, e eu sei muito bem o quanto eles sao valiosos, justamente por quase não tê-los, afinal, com o tempo descobrimos a validade da expressão biblica que diz: “Mais valer um amigo que um irmão.’, e isso, eu sei muito bem, pois, em nome da fraternidade, muitos interesses cegam, matam, roubam, traem, “passam a perna”, castigam e, até mesmo, buscam destruir o melhor que há em nossos sentimentos, tornando-os pesos que nos adoecem e nos afastam da felicidade que urge em sair de um peito que sente a falta daqueles que, cujas palavras proferiam além de vasta sabedoria, grande amor e carinho.
Sem dúvida, o que eu tinha de mais imporante em minha vida eu tive que enterrar, mas, em relação a eles, ficaram as grandes lições que mesmo em relação a distância temporária, entre a tênue linha que separa a vida da morte, fortalecem-me todos os dias em audíveis lembranças. Meu avô Hélio de Britto e meu amado pai, Marcus Fleury, sem dúvida, foram grandes companheiros, grandes mestres e posicionavam-se de forma sublime em meio a torrentes de lutas enormes que eu tive que travar para estar vivo.
Sobrevivi ao grande caos, encontrei em mim, sempre inspirado em D-US, e na construção de idéias a possibilidade em fazer de minha desilusão pela existência o único caminho que pôde fazer florescer, num árido deserto, as mais belas paisagens, tornando-as assim, um grande oásis que sacia-me diante das travessias e lutas que nunca deixei, nem mesmo deixarei de travar, afinal, aprendi na importância da beleza da vida que, todos os espinhos de minhas roseiras, alí estão para que possam me proteger das muitas compulsões ao imediatismo consumidor de muitos sonhos e de grandes vidas.
Aprendi a me sentar à beira do caminho e contemplar o andar cansado daqueles que apenas andam, mas, sequer sabem onde vão chegar. Aprendi a guardar palavras para que quando todos que gritam numa inaudível galhofaria possam, num dado momento, compreender que perderam tempo, aliás, os tempos de suas vidas são dedicados ao nada, e em relação ao nada, continuam caminhando sem que jamais possam ter o alento que traz o vento em seu silencio reconfortante.
Também aprendi o momento em me posicionar frente as grandes injustiças, sem me preocupar com as imbelicidades ideológicas que ocupam as mentes dos que necessitam de grandes doutrinas para serem percebidos, pois, por sí só, passam como sombras assustadoras e completamente desprovidadas de realidade, aliás, são seus discursos que promovem o “receio e o medo” a quem ainda não saiu do quarto escuro da infância, cujas formas terríveis fazem com que se escondam em baixo do edredon em busca do calor e do conforto do útero, nada mais são que espasmos de quem ainda acredita que sua flatulência possa se sobrepor ao mundo inteiro, pois, para esses, o mundo é tão minusculo quanto ao que se sente ser... um nada!
Aprendi que diante de quem se considera alguma coisas sem nada ser, apenas investido por um cargo passageiro e completamente irrelevante, não há outro caminho a não ser o desprezo, afinal, nada mais incomoda alguns canalhas que esse comportamento.
Aprendi que para ser bom amigo, não devo fazer a lição de casa com tapinhas nas costas, sorriso de hiena, e personalidade de um tirano; esse tipo, por sinal, já ví várias vezes em minha infância, personificados numa figura que visitava a sala de minha casa e lá, se preciso fosse, rastejava como um farrapo humano, vestido com seus alinhados ternos e sua desorganizada vida psicológica, por curto espaço de tempo, morou no palácio para que pudesse se sentir menos miserável do que ainda continua a ser.
Aprendi que para ser um bom amigo, não preciso bater no peito o tempo todo, entretanto, devo fazê-lo quando considerar necessário através de comportamentos que demonstrem a sinceridade daquilo que trago em minha personalidade sem que, em nenhum momento, eu sinta vergonha do que sou, do que fiz e daquilo qua a muito ainda tenho a fazer.
Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano escolar e familiar.
ateliedeinteligencia@gmail.com
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home