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sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Educação é um Todo






Propostas pedagógicas que pretendem fundamentar a educação com base em três pilares, sendo eles, a matemática, as ciências e a língua portuguesa, impõem um modelo educacional conservador “pretensamente dominante” e, ao mesmo tempo, estrutura um golpe político que objetiva manter agregado às estruturas do Estado os interesses de determinados segmentos, cujo intento, nada mais é, senão, subjugar a formação do sujeito, transformando-o em mão-de-obra barata e objeto de manipulação. Afinal, o conhecimento não se sustenta sobre pilares rígidos, mas constrói-se e desconstrói-se a cada momento, de acordo com a dinâmica das demandas sociais. Estas são um conjunto que agrega uma diversidade de contextos que vão do biológico ao filosófico, não se atendo a regras retrógadas, mas, sobrepujando-as, afinal, o saber é como um volume de águas num reservatório: não adianta contê-lo, pois, sua força arrebenta as comportas, não respeitando nenhum obstáculo, definindo assim, o caminho que tem a seguir, mesmo que, num primeiro momento, se estabeleça o caos, afinal, como Nietzsche escrevera: “dele provém as estrelas”.
A educação é a grande responsável pela formação da personalidade, pelo desenvolvimento da inteligência e pela formação de pensadores aptos, não apenas em conhecer o mundo que vivemos, mas, antes de tudo, o mundo que somos, tornando-nos capazes em compreender, conviver e respeitar as diferenças e estabelecendo o princípio da tolerância. Entretanto, é necessário que conheçamos todas as disciplinas, como estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, apontando a importância de cada uma, sem, em momento algum, estabelecer critérios ou valores que super-valorizem uma em relação a outra, afinal, a partir do momento que agimos dessa forma, estabelecemos o preconceito pedagógico e, conseqüentemente, legitimamos tal comportamento, ensinando-o aos nossos alunos e promovendo a intolerância.
A identificação de um aluno em relação a uma disciplina é perfeitamente natural, entretanto, faz-se necessário que nós sejamos imparciais nesse processo compreendendo que não há nada melhor ou pior dentro da cultura, tudo é cultura.
Educação com base no pensamento concreto redunda numa sociedade de homens e mulheres que cumprem a vida como num rito sórdido, onde acorda-se, trabalha-se, consome e consomem-se, enriquecem a poucos, tornando os sonhos elementos miseráveis e a realidade, a projeção do pesadelo, a qual, as estruturas, em nome de padrões conservadores, imputa o legado da pobreza, transcrevendo no jogo “das palavras e das coisas” a manipulação que desencadeia o controle sobre o sujeito.
Para os conservadores e seus interesses o discurso da Ordem, nada mais é, senão, um método que estabelece a obrigação em fazer cumprir, e o Progresso apenas uma via de mão única, manifesto nas ambivalências sociais explícitas decorrentes de propostas pedagógicas que obliteram o abstrato, pois, o mesmo, promove a formação de pensadores sempre prontos a questionar, não apenas o porque, mas apontam posicionamentos que desmascarem o intento daqueles que desejam construir uma sociedade desprovida de críticas e resignada quanto ao “cumpra-se”!
Os mal intencionados, a passos largos, apresentam propostas que aparentam “sobriedade”, afinal, esses sujeitos, com cara de “bons moços recém-saídos das banheiras das vovós”, com suas falas macias e dissimuladas, apontam direcionamentos, sabendo muito bem onde querem chegar, certamente, ao lugar onde a maioria das pessoas jamais estará, concretizando a partir da farsa e do teatro da hipocrisia, a finalidade dos projetos os quais representam, pois, os mesmos, somente ampliam o tempo das estruturas dominantes causando grandes perdas a toda sociedade.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo e Coordenador do Programa de Prevenção a Depressão e do Grupo de estudos Michel Foucault.
ateliedeinteligencia@gmail.com

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