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domingo, 9 de janeiro de 2011

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA: O VALENTE



A morte, diante do valente José Alencar, ficou tão tímida que perdeu o sentido em seu próprio fim, afinal, a sabedoria a colocou em seu devido lugar, o derradeiro, em relação à grandiosidade da existência que se faz estampada no brilhante e contagiante olhar de um homem que não se destitui do direito em fazer-se presente em sua história, sempre por mais um dia, pronto para experimentar os desafios como uma criança em relação aos próprios limites.

Ao mesmo tempo em que sente a finitude como algo que mora, não ao lado, mas dentro de si, considera-a apenas um rito de passagem e manifesta o prazer em viver, mesmo reconhecendo sua realidade, não negando o que tem, mas amplamente envolvido com o que pode fazer de melhor, afinal, desponta em cada uma de suas atitudes a resignada aliança com a sua história, levando-nos a compreender, frente aos desafios e agruras, a necessidade quanto a revermos e sempre nos dispormos às mudanças, afinal, as mesmas são desencadeadoras da renovação necessária. Assim, o Mestre José Alencar, ensina-nos como vencer a exaustão da intolerância, motivando-nos quanto à compreensão das nossas fragilidades, do ódio e dos monstros que são construídos pelas mágoas e culpas que colecionamos como justificativas decorrentes das nossas próprias escolhas.

A morte está em nós, entretanto, manifesta-se quando a convidamos para assumir o controle daquilo que já não consideramos necessário: A vida. Isso me fez lembrar Roland Barthes, filósofo francês, que após perder sua mãe, envolto numa grande depressão, ao sair da casa de François Mitterand, foi atropelado na Rua de Écoles por uma camioneta de lavanderia, sofrendo um leve traumatismo craniano, entretanto, deixa-se morrer, segundo testemunho de todos que foram visitá-lo no hospital Pité-Salpêtrìere, em 26 de março de 1980. Bathes deixou-se, diante da escolha que fizera, ser tomado pela morte, fazendo de seu corpo um campo de batalha destituído de quaisquer resistências.

A capacidade em sabiamente falar sobre a morte, mas, optar pela vida, faz com que compreendamos a importância, não da humildade, mas, da convicção, entretanto, sem perder o vínculo com a serenidade. Então assim, José Alencar Gomes da Silva, envolto em suas dúvidas, transforma cada um de seus desafios nas maiores vitórias, constituindo, dessa maneira, as suas maiores certezas, levando a ciência a render-se, desafiando-a e mostrando que sempre devemos ir mais além, compreendendo que a grandiosidade não encontra-se apenas nas primaveras, entretanto, a mesma também está evidente nos invernos existenciais.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior
Psicólogo e Coordenador do Ateliê de Inteligência,

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