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sábado, 8 de janeiro de 2011

A Família Idealizada.





Ao idealizarmos um modelo de família que desejamos devemos compreender que a mesma deve ter características próprias, porém, respeitando o universo que cada um traz dentro de si, compreendendo que temos uma família de origem, mas, não devemos reproduzir os mesmos padrões de relacionamento ou comportamento, pois se assim o fizermos, implantaremos um grave conflito, afinal, são pessoas que vem de culturas e hábitos completamente diferentes.

É necessário interpretar que os padrões que aí estão implantados, nessa saga pós-contemporânea, nada mais são, senão, os maiores adoecedores das famílias, afinal, uma estrutura que não estabelece características próprias, torna-se elevadamente vulnerável às tendências e, lamentavelmente, quanto mais adoecidas as estruturas familiares, mais fortalecidos ficam determinados segmentos de mercados, fomentados pela ilusão da riqueza que faz com que milhões de pessoas desçam ladeira abaixo, sempre sujeitando-se aos falsos critérios da beleza esteticamente perfeita, da posse de objetos de consumo caros, cujo intuito é encobrir as misérias emocionais e afetivas ao abrir as carteiras repletas de cartões de crédito que, nada mais são, senão, objetos sublimatórios dos próprios descréditos que muitos tem de si mesmos, entretanto, com hora marcada para um encontro no transcorrer do dia, afinal, quando as luzes se apagam e ficamos somente sós, no palco da nossa existência, frente a frente com o mais ensurdecedor silêncio.

As pessoas deixaram o espaço da convivência, substituindo-o pelo das conveniências, estabelecendo como parâmetros equivocados “padrões de êxito e sucesso”, cuja fragilidade fica exposta diante da tirania das relações, da “fúria” investida contra pais e contra filhos, fazendo-os não apenas homicidas ou suicidas, mas, apresentando uma sociedade, cuja projeção, revela-se por rituais, onde, o sacrifício gera um legado de dor e sofrimento aos que ficarão inebriados pelos mais difusos sentimentos em meio aos vales, nos abismos da existência, como lobos uivantes que, num acordar, não mais encontrão suas matilhas.

As lacunas existentes em relação às atribuições da família não podem ser resumidas a apenas um de seus membros, todos podem estabelecer e aprofundar um novo olhar fazendo do grupo familiar, não mais um ambiente de segregação ou exclusão, mas, de integração, trazendo assim, novos significados dotados de definições claras.

A família, como espaço de convivência, campo esse, onde as virtudes, as diferenças, os conflitos e as singularidades são ingredientes indispensáveis para que a afetividade mova-se no âmbito da dinâmica familiar, gerará uma identidade própria, com base no respeito às diferenças entre cada um dos seus membros, valorizando suas virtudes e fortalecendo as relações de segurança, afeto, proteção e bem-estar que possibilitarão integração e congraçamento.

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Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e Coordenador do Programa de Prevenção a depressão e do Grupo de estudos Michel Foucault, do Ateliê de Inteligência.
ateliedeinteligencia@gmail.com

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