O Perdão que Cura.
O perdão é a condição que nos liberta dos males que
trazemos em nossa alma, livrando-nos do veneno que consome o melhor que somos e
o que temos. Portanto, qual de nós não necessita rever suas vivências, tornando a existência uma fonte de alegrias, mesmo diante das mais sangrentas
batalhas que possamos ter travado em nossos dias.
Conheço heróis que diante de suas incapacidades em pedir
ou oferecer a si o banquete do perdão, assentam-se nas escadarias da miséria
interior, pois, ao renunciar a oportunidade em reverem-se, alimentam-se do
fétido e ácido lixo emocional. Assim, acrescentam a seus dias angústias,
amarguras e depressões que culminam numa intensa fragmentação biopsicosocial.
Tais pessoas
transformam seus corpos no “teatro da mente” , e nele encenam a história do
horror, vivendo as mais variadas dores,
para que possam se sentir vivas, afinal , para elas, não existem outros
motivos, senão, a tragicidade que as anima em direção ao que intensamente
procuram para justificar o vazio que tornou-se seus dias. Psicologicamente, sempre buscam “a vingança”,
como quem persegue uma barata, afim de
atormentarem-se com a pequenez do ser que projetam em suas criações
imaginárias, definindo o simbolismo que revela quem são.
Aquele que traz consigo o ódio, mantém alguém
simbolicamente vivo, investindo seu tempo apenas contra si mesmo, afinal, o
odiado, sequer se lembra de quem o odeia, estando esse, resignado no objetivo
em construir sua felicidade e, consequentemente, desfrutar dos prazeres em amar
a si mesmo, sem perder o foco naquilo que não faz parte de seus dias.
Parafraseando Freud: “Qualquer coisa que encoraje o
crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras”. Portanto, quais
são os laços emocionais que temos construido em nós mesmos? O do ódio? Então,
isso justifica a escalada crescente da
violência que consome a sociedade numa verdadeira guerra, afinal, o verbo
odiar, está muitas vezes tão escondido que assalta e aniquila muitas vidas.
É possivel que cada um conheça o melhor que pode oferecer
a si mesmo, sem temer o encontro com seu Eu, construindo sempre um novo
significado que proporcione integração com sua própia história e não com
anulação da mesma.
Nesse Yom kipur, dia do perdão, desejo
que cada um possa rever-se e transformar sua história, abrindo as janelas
interiores de suas vidas e convidando a existência para soprar um vento de cura
e transformação, despedindo-se assim, do ódio pela porta da frente,
enfrentando-o e encorajando-se a dizer-lhe adeus.
Marcus Antônio Brito de Fleury Junior.
Postado por Marcus Fleury às 18:57
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