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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Reinado Chegou ao Fim?





                             



Até uns dias atrás eu me perguntava onde chegaríamos, no entanto, não demorou muito tempo para que a resposta se revelasse na tragicidade humana, essa que se incorpora na fragilidade do outro, mesmo, sendo ele, um indivíduo condenado a ocupar o esquecido espaço onde corpos são lançados a tantos outros , e ali travem não a mais sórdida das batalhas, no entanto, mas que transfiram em forma de violência  toda a miséria social a que foram submentidos desde as suas infâncias de garotos relegados ao preconceito e a adaga dilacerante da exclusão sócio-econômica-cultural.



O presídio de São Luís, no Estado do Maranhão, não sei se é o mais violento do pais, porém, hoje, assombra-nos pelos atos de barbárie , bem como, da manifestação do ódio contido no inconsciente, que nas brechas  existentes na psique,  desconstrói toda uma instância psíquica denominada super-ego, fonte de normas e valores, dando vazão a uma outra denominada de ID, fonte de impulsos, estando a resolução dos mesmos carregadas de finalidades as mais variadas para que possam prevalecer as variadas formas de prazer , entre eles, o sadismos, que faz com que indivíduos em seus surtos de fúria, numa plena descarga de contextos biológicos, sendo os mesmos, movidos numa tênue linha pelos  elementos sociais e culturais introjetados,  onde um ódio latente,  frente a determinadas condições ,  desencadeiem todas as experiências e manifestem-se numa catarse, onde o corpo do outro, transforma-se no elemento de transferência para que nele seja registrado o mal-estar de anos relegados as piores condições possíveis, principalmente, para que possam também manifestar o descaso e a violência do estado voraz, criminoso, opressor , corrupto e doente que prevaleceu sobre a história das várias pessoas entre mortos, feridos e homicidas desde a mais tenra infância.





Não há nada mais a esperar de um estado onde a democracia é uma farsa, e a opressão das elites é a força que lança dois grupos de oprimidos; uns que geram o enriquecimento das castas lá existentes, dominados por quase um só senhor e sua família, e outros que não conseguiram servi-los, e hoje, estão atrás dos grilhões, sendo ambos, vítimas da crueldade negociada com as estruturas do poder, cuja finalidade, nada mais é, senão, garantir maior abrangência aos opressores, cedendo-lhes o domínio sobre todos os aparatos de controle social e assim, transformando-as nas peças necessárias a manutenção da “instituição opressora e assassina”, a qual é o Estado como ordem oficial da unidade federativa denominada Maranhão.



O “reinado” chegou ao fim? Se não, esperem o pior, pois intervenções veladas, focadas apenas na questão da segurança social, apenas incitarão um número maior de pessoas num curto espaço de tempo a manifestações muito mais violetas que estas que lamentavelmente assistimos hoje, entretanto, todos nós sabíamos onde tais misérias desembocariam.

  

                                           Marcus Fleury é psicólogo .



2 Comentários:

  • É com trabalhos como esse que fazemos o nosso trabalho de conscientização tão necessário à sociedade brasileira. Não é mais possível ficarmos eternamente calados diante de tanto desprezo ao ser humano e tanto desrespeito às nossas leis. Parabéns pelo belo artigo.

    Por Blogger Cassiano Freitas, às 12 de janeiro de 2014 às 13:46  

  • Como vem sendo mostrado diariamente pela imprensa, a situação das penitenciárias brasileiras é das mais dramáticas. Precisamos, no entanto, ter em mente que da maneira como as coisas estão sendo conduzidas, nunca iremos cumprir o nosso propósito de recuperar o preso para que seja reinserido na sociedade. Como as coisas estão, em vez de recuperá-lo, estamos a cada dia tornando-o mais revoltado e incapaz de ser restituído ao convívio social. É uma pena. Em assim sendo, o preso cumpre uma pena por ter cometido um delito. E o Governo, por sua vez, que deveria dar bons exemplos, descumpre a Lei em prejuízo do sistema prisional, e de resto de toda a sociedade.

    Por Blogger Cassiano Freitas, às 12 de janeiro de 2014 às 14:00  

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