O Reinado Chegou ao Fim?
Até uns dias atrás eu me perguntava onde chegaríamos, no
entanto, não demorou muito tempo para que a resposta se revelasse na
tragicidade humana, essa que se incorpora na fragilidade do outro, mesmo, sendo
ele, um indivíduo condenado a ocupar o esquecido espaço onde corpos são
lançados a tantos outros , e ali travem não a mais sórdida das batalhas, no
entanto, mas que transfiram em forma de violência toda a miséria social a que foram submentidos
desde as suas infâncias de garotos relegados ao preconceito e a adaga
dilacerante da exclusão sócio-econômica-cultural.
O presídio de São Luís, no Estado do Maranhão, não sei se é o
mais violento do pais, porém, hoje, assombra-nos pelos atos de barbárie , bem
como, da manifestação do ódio contido no inconsciente, que nas brechas existentes na psique, desconstrói toda uma instância psíquica
denominada super-ego, fonte de normas e valores, dando vazão a uma outra
denominada de ID, fonte de impulsos, estando a resolução dos mesmos carregadas
de finalidades as mais variadas para que possam prevalecer as variadas formas
de prazer , entre eles, o sadismos, que faz com que indivíduos em seus surtos
de fúria, numa plena descarga de contextos biológicos, sendo os mesmos, movidos
numa tênue linha pelos elementos sociais
e culturais introjetados, onde um ódio
latente, frente a determinadas condições
, desencadeiem todas as experiências e manifestem-se
numa catarse, onde o corpo do outro, transforma-se no elemento de transferência
para que nele seja registrado o mal-estar de anos relegados as piores condições
possíveis, principalmente, para que possam também manifestar o descaso e a
violência do estado voraz, criminoso, opressor , corrupto e doente que
prevaleceu sobre a história das várias pessoas entre mortos, feridos e homicidas
desde a mais tenra infância.
Não há nada mais a esperar de um estado onde a democracia é
uma farsa, e a opressão das elites é a força que lança dois grupos de
oprimidos; uns que geram o enriquecimento das castas lá existentes, dominados
por quase um só senhor e sua família, e outros que não conseguiram servi-los, e
hoje, estão atrás dos grilhões, sendo ambos, vítimas da crueldade negociada com
as estruturas do poder, cuja finalidade, nada mais é, senão, garantir maior
abrangência aos opressores, cedendo-lhes o domínio sobre todos os aparatos de
controle social e assim, transformando-as nas peças necessárias a manutenção da
“instituição opressora e assassina”, a qual é o Estado como ordem oficial da
unidade federativa denominada Maranhão.
O “reinado” chegou ao fim? Se não, esperem o pior, pois
intervenções veladas, focadas apenas na questão da segurança social, apenas
incitarão um número maior de pessoas num curto espaço de tempo a manifestações
muito mais violetas que estas que lamentavelmente assistimos hoje, entretanto,
todos nós sabíamos onde tais misérias desembocariam.
Marcus Fleury é
psicólogo .
2 Comentários:
É com trabalhos como esse que fazemos o nosso trabalho de conscientização tão necessário à sociedade brasileira. Não é mais possível ficarmos eternamente calados diante de tanto desprezo ao ser humano e tanto desrespeito às nossas leis. Parabéns pelo belo artigo.
Por Cassiano Freitas, às 12 de janeiro de 2014 às 13:46
Como vem sendo mostrado diariamente pela imprensa, a situação das penitenciárias brasileiras é das mais dramáticas. Precisamos, no entanto, ter em mente que da maneira como as coisas estão sendo conduzidas, nunca iremos cumprir o nosso propósito de recuperar o preso para que seja reinserido na sociedade. Como as coisas estão, em vez de recuperá-lo, estamos a cada dia tornando-o mais revoltado e incapaz de ser restituído ao convívio social. É uma pena. Em assim sendo, o preso cumpre uma pena por ter cometido um delito. E o Governo, por sua vez, que deveria dar bons exemplos, descumpre a Lei em prejuízo do sistema prisional, e de resto de toda a sociedade.
Por Cassiano Freitas, às 12 de janeiro de 2014 às 14:00
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