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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O PÂNICO COMO INVERSÃO...(PARTE 1)

O que há de tão belo por detrás dessa rigidez empírica consolidada em paradigmas limitantes e ao mesmo tempo salteadores da liberdade, cuja fonte de projeções distorcidas às quais chamamos por sonhos e ideais, além de outras fugazes idealizações nos remete ao nada do que temos e ao que somos?

Que idealização narcísica é essa que nos leva frente à incapacidade em “reinar” sobre todas as situações com tão elevada pretensão de“controle” remetendo-nos a completa perda de referenciais que denominamos de perfeição?

Que “perfeição” é essa que leva-nos através de associações às profundas alterações em nossas mentes mobilizando em nós processos psico-neuro-endocrinos-fisiológicos?

Que investimento é esse sobre o mundo idealizado que impõe sinais para que através dos mesmos venhamos atribuir em nossos tremores o simbólico ritualístico dismórfico de Thanatos?

É o deslocar de toda nossa energia psíquica condensada que circula entre o desejo e a condenação, entre profano e o sublime que não conseguimos ser, estando nesse o sedimento do “amor”castrador e punitivo que tanto sentimos obrigados apresentar às pessoas , cuja representação, nada mais é que o palco ao qual encenamos o narciso morto que busca sua ressureição em aplausos catárticos, pois sentirmo-nos nada quando cerram-se as cortinas desse teatro chamado tragicidade do “self cartesiano” . Então, no silêncio dos “camarins” internos apagam-se as luzes, desfaz-se a maquilagem, derrete-se a máscara de cera e o sorriso perde todo seu brilho, restando a “vermelhidão” das córneas de anos interruptos de choro , as olheiras de décadas mal dormidas e alguém que promove em suas solitária noites “aquecidas” por um gélido corpo sobressaltos em um ritmo que transparece desejar expulsar dentro de si “um coração” na mais intensa arritimia . Daí, passamos da inércia à mais profunda alteração que envolve todos nossos sistemas mobilizados em nossas instâncias psíquicas estabelecendo um “gigante voraz” aterrorizante, levando-nos em um mundo repleto de oxigênio a buscarmos um pouco mais de ar, não compreendendo que há uma “hiperventição” dilatando nossos brônquios. O excesso toma conta, entretanto, o que somos é tão pouco que faz-se necessário “morrer” para nos sentirmos vivos.

Elaboramos uma catexia , ou seja , reinvestimos toda nossa energia deformando-a e, com intensa crueldade, reconfiguramos a figura da repressão a qual um dia negou-se a nós vencendo-nos em nossos projetos edipianos .

Durante um orgasmo experenciamos sensações que vão desde alterações do ritmo cardíaco, da sudorese, da agitação psicomotora, da perda do controle com a realidade e sentimos o intenso prazer em nosso próprio corpo permeado por uma descarga de “neuro- transmissores” que garantem através das pulsões o gozo e o regozijo . Investimos e deslocamos nossa libido no outro mobilizando-nos para em seguida atingirmos a partir do orgasmo o pleno contato com a liberdade em existir em nós mesmos. O outro é apenas componente de nossa fantasia e o prazer tem sua singularidade.

Por isso, vejo aquilo que tão contumazmente é chamado de “pânico” como uma inversão orgástica, recusando o convulsionar do corpo no pleno direito em perder por instantes a noção do tempo, espaço , etiqueta, religiosidade advindos do prazer oriundo da relação erótica sexual, do gozo. É a obliteração da pulsão que buscando uma saída desloca-se no universo singular ao corpo reprimido e castrado manifestando a rejeição do que tanto deseja, mas se o tiver perderá a referência dos elementos castradores e perdendo-os, mais uma vez, terá de assumir a extinção do “cogito”, daquilo que precisa repetir para si mesmo como um mantra convencendo-se que não irá desaparecer de seu próprio centro que tanto necessita para subsistir o “falso ser”, esse que através de uma desarticulada estruturação da razão é desmascarado por seu próprio corpo ao tentar rejeitar as pulsões negando assim o inconsciente. Nesse instante, tudo que é negado cria uma linguagem em seu próprio corpo apresentando aquilo que o sujeito “renuncia” sobre si mesmo. Aquele que diz: “Tenho controle sobre as situações e sei muito bem o que estou fazendo”permite que em situações posteriores seu corpo apresente-se desprovido do contexto desse “falso ser” através da clivagem não aceita através da repulsa de seus processos inconscientes , ou das cadeias significantes . Recusar isso é negar o próprio sujeito que “nada mais é senão essa divisão”.



MARCUS ANTONIO BRITTO DE FLEURY JUNIOR.

ESSE TEXTO É PARTE DE UM TRABALHO QUE ESTÁ EM FASE DE FINALIZAÇÃO.

Os que tiverem interesse em prosseguir essa leitura podem deixar seus emails para que possamos discutir o tema.
Obrigado.

4 Comentários:

  • Ufa! Suei. Suor pensante. Suor de quem aprecia bulir nas palavras.

    * CATEXIA: corri aos sites. Não encontrei a etimologia.

    * Agora, o jeito é apelar para você,amigo Marcus.

    * Texto profundo e bem escrito.

    Grande abraço
    AS

    Por Blogger ., às 5 de dezembro de 2007 às 18:14  

  • Este comentário foi removido pelo autor.

    Por Blogger Marcus Fleury, às 6 de dezembro de 2007 às 03:26  

  • Marcus Antônio Brito de Fleury Júnior disse...
    Meu caro Airton Soares,
    Também tenho suado nesse estudo. Suor "aterrorizante" (rs). Obrigado por estar aqui em nosso espaço,que é seu também,sempre nos honra com essa presença brilhante que tens.

    .Catexia é o deslocamento(investimento) da energia libidinal para um objeto. Em relação a essa texto esse energia é reinvestida no próprio individuo.

    Abração meu camarada, venha sempre por esse cantinho.
    Excelenete final de semana para ti extensivo aos familiares e ao povi maravilhoso de tua terra.

    Por Blogger Marcus Fleury, às 8 de dezembro de 2007 às 03:36  

  • Caro Dr. Marcus,

    Seu artigo é bastante elucidativo e o tema muito me interessa.
    Se possível, gostaria que me encaminhasse por e-mail o restante do material que elaborou.
    Obrigada.

    VBSR

    Por Blogger vanessa, às 10 de dezembro de 2007 às 10:16  

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