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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Em Brasília o choro ecoa pelas noites.

Em Brasília o choro ecoa pelas noites, percorre as ruas, adentra os lares, transpõem as fronteiras estaduais e invade todos os lares do Brasil impondo um luto, um pesar de lágrimas que escorrem silenciosamente expondo toda nossa fragilidade quando nos deparamos com o fatídico que vitimou nesse final de semana passada três famílias, cujas mães, foram precocemente retiradas do convívio, onde, a doçura dos mais nobres sentimentos estava presente. Hoje, confundem-se pelas lembranças, e a inaceitação do falível, que impõem grande sofrimento e dor, principalmente, quando vidas são extraídas com extrema violência pela agressividade de indivíduos cujo valor da existência assenta-se no nada, pois esses, nada são e, por nada serem, desejam destruir a todos, sem questionar qual o valor que a vida tem, pois esses, paridos foram, porém, nunca nasceram para poderem compreender a grandiosidade das relações e o sentido de coletividade. Ainda encontram-se no anímico, assim sendo, movidos são pelas suas pulsões homicidas, apenas disputam territórios, afinal, o espaço como cidadãos não os satisfaz, e, como vorazes lobos desagregados de suas alcatéias satisfazem-se com o cheiro do sangue e dos corpos que estraçalham. Nesses indivíduos, a pulsão homicida destituída dos limites estruturados pelo superego leva-os a apresentar a tendência em matar, que escapa à consciência, estruturando assim, uma personalidade psicopática, tornando-se visíveis às desagregações impostas pelas neuroses em relação às estruturas sócio-culturais.

Adolf Hitler, em sua estrutura psicopática, vitimou seis milhões de pessoas e o contexto quantitativo não extrai jamais o valor qualitativo do ser humano, pois, a estruturação homicida, em congruência à condensação da pulsão de morte deslocada, independe do número de vítimas que são feitas. Por isso, analiso o lamentável fato ocorrido em Brasília da seguinte maneira: Quando um indivíduo tem 11 multas por velocidade excessiva em vias públicas, pode-se considerar que, inconscientemente, nos deparamos com um homicida em potencial; ou seja, a muito, estrutura sua pulsão homicida visando vitimar pessoas como forma em punir o mundo, utilizando qualquer objeto. Seu intento se concretizou, e agora que vitimou não somente as famílias, mas também, a sociedade, cuja associação faço em relação à figura materna, será em seguida, punido pelo pai, estando esse representado nos processos inconscientes pelo Estado, ao qual foi desafiado em suas leis e limitações por uma pessoa de 49 anos como se travasse uma disputa com o pai e, na tentativa em seduzir a mãe, teve seu projeto frustrado, não conseguindo resignificar a estrutura da castração, perpetuando assim, uma atroz disputa, hoje, deslocada através de sua agressividade às estruturas sociais na tentativa ineficaz em promover a resolução do projeto edipiano e da castração que sofrera na derrota em suas primeiras tentativas em conquistar o “amor” não vivido. O mesmo compreende então que, para sobreviver, há a necessidade em desafiar não apenas seu próprio corpo, mas impor sofrimento e dor aos demais, punindo o mundo na sua derrota pessoal até que seja castigado e visto aos olhos de todos, na inversão do papel do “herói” que não conseguiu estabelecer para si.


Quando o desencanto encontra-se com a esperança, ambas assentam-se e o primeiro impõem que a marca desse mundo é a tragicidade, impossibilitando assim, perversamente, às pessoas em viverem seus papéis, imputando-lhes a vergonha, o medo, a cegueira conversiva, o embotamento, na tentativa em excluir a existência e o prazer.


Marcus Antonio Britto de Fleury Junior

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