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sábado, 21 de setembro de 2013

Siga seu caminho, isso basta!






               Siga seu caminho, isso basta.

 

A resignação, quanto aquilo que acreditamos, é o fator principal para que jamais permitamos ser abalados a ponto de desistir das escolhas que fazemos em nossa vida. É imprescindível deixar claro que, em relação aos nossos objetivos, muitas vezes, mudamos a maneira como pensamos, pois, permitir-se a isso requer, não um compromisso com pressupostos teóricos, muito menos, a tão imbecil lealdade  prometida entre os seres humanos em suas alianças de “faz-de-conta”. Isso chega a ser hilário e parafraseando Nietzsche, até “demasiadamente humano”, e provavelmente, uma das poucas e boas referências quanto a como atingir o fracasso pessoal nas relações com o próximo.

A existência perpassa a hipocrisia das regras que tentam estabelecer diretrizes  como se as mesmas fossem as mais certas e exatas, afinal,  cada um traz em si a particularidade de sua formação sócio-familiar e a ninguém cabe o direito em furtar a personalidade, nem tampouco, a identidade constituída através das  multiplas experiências que trazemos e promovemos em nós.    

Cada um tem sua história própria, sua singulariade e jamais haverá espaço para que sejam defnidos por parâmetros de felicidade, paz, sucesso e prospreriade, ou, qualquer outra coisa como o outro é.  Se realmente desejamos encontrar o que definimos como melhor para nossas vidas, é necessário que retiremos os olhos do outro e passemos a nos esforçar em encontrar em nós mesmos, independente de como somos, ou, como estamos, o caminho para que possamos nos resignar em relação a como nos precisamos e nos queremos, sem jamais ancorarmos na forma como o outro nos vê, mas, simplesmente, como nos exergamos diante da própria existência e dos propósitos que estabelecemos como ideiais a nós no presente momento.

Bom, quanto ao futuro, ele nada mais será, senão, o resultado do que você estiver fazendo no agora e se é isso que importa, siga seu caminho, busque encontrar-se, não se preocupando em relação a agradar a quem quer que seja, afinal, as semelhanças se desfazem quando nos propomos a expressar o que pensamos e o que somos, e isso pode ser insupostável a quem vive em um universo onde, somente se esperam a bajulação, os aplausos e a aceitação.

Se alguém  o critica, saiba que o riso e o desprezo fazem parte da celebração da vitória sobre os que se esforçam exaustivamente para tentar nos prejudicar, afinal, a existência não perde seu brilho diante da sombra dos que fazem do amanhã suas próprias quedas e as suas próprias derrotas. Siga seu caminho, isso basta.

Marcus Fleury Junior é psicologo e coordenador do Ateliê de Inteligência.  

 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Perdão que Cura.



O perdão é a condição que nos liberta dos males que trazemos em nossa alma, livrando-nos do veneno que consome o melhor que somos e o que temos. Portanto, qual de nós não necessita rever suas vivências, tornando a existência uma fonte de alegrias, mesmo diante das mais sangrentas batalhas que possamos ter travado em nossos dias.

Conheço heróis que diante de suas incapacidades em pedir ou oferecer a si o banquete do perdão, assentam-se nas escadarias da miséria interior, pois, ao renunciar a oportunidade em reverem-se, alimentam-se do fétido e ácido lixo emocional. Assim, acrescentam a seus dias angústias, amarguras e depressões que culminam numa intensa fragmentação biopsicosocial.

Tais pessoas  transformam seus corpos no “teatro da mente” ,  e nele encenam a história do horror,  vivendo as mais variadas dores, para que possam se sentir vivas, afinal , para elas, não existem outros motivos, senão, a tragicidade que as anima em direção ao que intensamente procuram para justificar o vazio que tornou-se seus dias.  Psicologicamente, sempre buscam “a vingança”, como quem persegue uma barata, afim de  atormentarem-se com a pequenez do ser que projetam em suas criações imaginárias, definindo o simbolismo que revela quem são.

Aquele que traz consigo o ódio, mantém alguém simbolicamente vivo, investindo seu tempo apenas contra si mesmo, afinal, o odiado, sequer se lembra de quem o odeia, estando esse, resignado no objetivo em construir sua felicidade e, consequentemente, desfrutar dos prazeres em amar a si mesmo, sem perder o foco naquilo que não faz parte de seus dias.

Parafraseando Freud: “Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras”. Portanto, quais são os laços emocionais que temos construido em nós mesmos? O do ódio? Então, isso  justifica a escalada crescente da violência que consome a sociedade numa verdadeira guerra, afinal, o verbo odiar, está muitas vezes tão escondido que assalta e aniquila muitas vidas.

É possivel que cada um conheça o melhor que pode oferecer a si mesmo, sem temer o encontro com seu Eu, construindo sempre um novo significado que proporcione integração com sua própia história e não com anulação da mesma.

Nesse Yom kipur, dia do perdão,  desejo que cada um possa rever-se e transformar sua história, abrindo as janelas interiores de suas vidas e convidando a existência para soprar um vento de cura e transformação, despedindo-se assim, do ódio pela porta da frente, enfrentando-o e encorajando-se a dizer-lhe adeus.

Marcus Antônio Brito de Fleury Junior.


sábado, 7 de setembro de 2013

Rede de apoio ao dependente químico


 



       

As elites criam as disciplinas não para libertar a humanidade, ao contrário, as fazem para gerar a opressão através de regras que sufocam as dores e impedem o encontro do homem com seus próprios objetivos.  Assim, constroem sobre as pessoas os estigmas, os preconceitos e as piores práticas de açoite à dignidade humana.  

Estamos num tempo onde, transformar o outro no objeto de expiação é uma fácil tarefa, principalmente, quando há interesses contrariados e ameaçados por ideias que podem desestabilizar o controle dos que manipulam as relações de quaisquer formas de poder. Então, entram as patrulhas ideológicas, religiosas e toda tropa torpe que se embriaga como se a vida fosse um grande banquete onde, o prato principal, torna-se aquele que se posiciona em relação ao que pensa e pensar é o diferencial nesse mundo amplamente padronizado. Transformam a miséria humana que se arrasta nas ruas em busca de mais uma dose, ou, mais um “pega” no cachimbo de crack, no responsável pelo fracasso da segurança pública, entretanto, se esquecem que são vítimas de um Estado desinteressado em práticas preventivas, bem como, no avanço de políticas públicas de redução de danos, afinal, se assim o fizerem e os resultados trouxerem êxito, a quem irão responsabilizar?

Verbalizam, então, o discurso da sobriedade punitiva, sempre prometendo um mundo mais confortável e mais humano, tão humano que necessitam de grades e muros para esconder o caos social que geram, adotando práticas higienistas, pois, assim, fica muito mais fácil mentir, enganar e fingir que nada existe, ou, se existe, tudo está sob controle, principalmente, sob a égide da punição.

Há um milhão de dependentes em crack no Brasil, então, diante dos que desejam nos enganar com essa fala da internação compulsória, resta-nos fazer algumas perguntas básicas:  Onde irão colocar um milhão de pessoas?  Há estrutura humanizada nesse tipo de internação? Quais vieses serão adotados?  Após a alta, há estruturas de suporte para que possam acompanhar e minimizar as recaídas? Há prescrição de medicações e os mesmos serão distribuídos gratuitamente pelo Estado? Então, senhores governantes, deixem de lado a mentira e tratemos com seriedade um assunto que requer que sejamos no mínimo dignos.

Criam programas de enfrentamento, mas, enfrentar quando já está vencido pode ser a melhor forma de ampliar a desgraça já vivida.

Penso que se faz necessário criar uma rede de atendimento permanente de apoio ao dependente químico e a sua família, 24 horas, estabelecendo a partir de um processo de adesão ao programa, um plano de tratamento composto de uma equipe multidisciplinar e cuidados básicos, amparados e interligados a assessorias jurídicas, creches, programas de orientação e diagnósticos em DST, apoio familiar, orientação e qualificação vocacional, moradia e transporte, abordagens educacionais.

Tratar é cuidar por completo, não apenas focar a dependência química, mas, trabalhar em suas consequências e danos a vida dos dependentes e sua família é estabelecer o suporte necessário, ampliando e adequando o programa para cada caso.  

Quando enfatizamos a necessidade de uma rede de apoio 24 horas, garantimos ao dependente a oportunidade em recomeçar sua história de vida sem as preocupações que muitas vezes levam milhares de pessoas à recaídas. Os índices são elevadíssimos, indicando que em relação aos tratamentos tradicionais, falta algo.  Portanto, se realmente desejam concretizar um tratamento sério, comecem por reformulá-los, dando ao tema a relevância merecida, afinal, senhores gestores, vossas excelências estão lidando com vidas, e por sinal, extremamente preciosas.

   Marcus Fleury é psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência.