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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A expansão das cracolândias e a derrota do Estado



 
Se mantivermos os mesmos conceitos em relação ao uso e consumo de "drogas" não avançaremos, ao contrário, entregaremos a sociedade à esperteza inescrupulosa do tráfico que, numa dinâmica em busca de novos "clientes", prepara drogas cada vez mais viciantes e dilaceradoras. Todos os índices demonstram que o Estado está indo na direção contrária em relação aos usuários, com politicas conservadoras e completamente ineficientes.

Espalhar usuários como foi feito em São Paulo, foi “o tiro no pé” que o Estado deu em si mesmo. Houve um aumento considerável do numero de usuários de crack, agora, em pequenos guetos, espalhados por toda cidade, levando para vários bairros a complexa rede de conflitos psicosociais que se move em função da dependência química.

 A intervenção na cracolândia, que não passou de uma prática higienista do Estado em nome de interesses privados ligados a especulação imobiliária, visto que, segundo pesquisas da Universidade Federal de São Paulo, apenas um em cada três usuários de crack, recebeu oferta de tratamento e o consumo elevou-se em 25%. Agora, novas substâncias são comercializadas pelo tráfico, como por exemplo, uma mistura de maconha com crack, denominada de “Zirrê”, sendo essa, difundida nas mais variadas camadas sociais. A estratégia do tráfico é atingir pessoas de poder aquisitivo elevado através dessa mistura, para, logo mais, levá-las a migrar definitivamente para a “pedra pura”.

Diante da estratégia do abominável tráfico, o Estado, caso mantenha-se nessa postura conservadora, ineficiente e limitada estabelecerá um vil acordo com o fracasso, expondo toda sociedade em virtude da ausência de políticas públicas transformadoras.

Não se enganem, o modelo que hoje temos é um forte aliado do tráfico, afinal, esse último, tem uma imensa capacidade de uma dinâmica muito veloz em adequar-se às suas finalidades, entre elas, enriquecer as custas do adoecimento social.

Não me canso de falar, em bater às portas dos gabinetes apresentando projetos preventivos, mesmo sabendo da falta de interesses, ou, então, algumas vezes, da curiosidade dissimulada, afinal, projetos como esses não geram grandes lucros as estruturas de uma rede de poder corrupta comprometida com interesses privados, aliás, o coletivo está em último plano, exposto às vistas grossas em relação ao que deveria ser o caminho de uma verdadeira transformação social.

O que temos são campanhas de baixa abrangência, e claro, não poderiam faltar valores altíssimos em verbas ao município de São Paulo, sendo que, dia 18 de janeiro de 2012, o governo federal liberou um montante de 3, 2 milhões e, no segundo semestre desse mesmo ano, que, por sinal, se finda com baixos resultados, mais 3,2 milhões. Até 2014, estão previstos investimentos de 500 milhões de reais, apenas para São Paulo, e em todo Brasil, serão disponibilizados 4 bilhões de reais.

É preocupante? Sim, muito! De 6 milhões e 400 mil reais foram investidos nessa área na cidade de São Paulo. Agora me digam como esteve essa cidade nesse presente ano?

Façam uma análise, sozinhos, ao final, nem me contem; não quero aqui, tornar o que eu penso um parâmetro para quem quer que seja, apenas, manifesto um pensamento muito pertinente à minha profissão, e muito mais, por eu ser pai, avô, tio e conviver com centenas de adolescentes do ensino fundamental.

Não podemos mensurar as consequências advindas do uso do crack, mas, já assistimos a um avant premier, bem estarrecedor.

Quando nos recordamos que a mais de 20 anos atrás, profissionais de vários segmentos, saúde mental, educação, sociologia, assistência social, filosofia e jornalismo já alertavam quanto às gravíssimas consequências em virtude dessa substância psicoativa (“drogra”) tão fragmentadora. Se as politicas preventivas tivessem sido implantadas, nossa realidade hoje poderia ser bem melhor.

E agora, são 4 bilhões de reais, investidos em campo minado, e pelo que vimos, de 6 milhões de reais, investidos na cidade de São Paulo, não foram, até o presente momento, capazes em comprar nossas consciências e nossa capacidade em interpretar, analisar  e concluir que o Estado, lamentavelmente, nesse ano, foi derrotado por essa grave questão psicosocial, o crack. Não posso sequer falar bem feito, vontade não falta, justamente, por ainda continuar ineficiente, moroso, completamente confuso e adoecido pelos esquemas de corrupção existentes, mas, quando nos deparamos com cada dependente que vemos pelas madrugadas, caminhando em direção a lugar nenhum, todo ódio se desfaz para prevalecer o acolhimento que devemos oferecer a esse grave momento que vive toda a sociedade.

 

Marcus Fleury Junior é psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012


 

 


 
Governador Marconi Perillo , palavras doces refutam grandes mudanças
 

A imparcialidade não está ancorada nas práticas dos bajuladores, mas, sim, em dados e fatos que comprovam o que não vai bem em relação a muitos programas, inclusive, o de recuperação da malha viária no estado de Goiás. Quem trafega por algumas rodovias em Goiás, encontra trechos de grandes riscos, como por exemplo, o de uma rodovia estadual que liga Piracanjuba a Caldas Novas.  Nela, são encontrados grandes buracos, que lamentavelmente, na semana passada, vitimou um motociclista, sendo que, no mesmo lugar, nesse domingo passado, oito veículos com crianças, mulheres e idosos, inclusive minha família, caíram simultaneamente nessa "falha do asfalto", uma verdadeira cratera.

Daí, diferenciamos as evidências reais que podem ser comprovadas, infelizmente, afinal,                                          não sou da turma daqueles que fazem das piores situações os melhores momentos, mas, sou dos que acreditam que a seriedade está em assumir erros e falhas, buscando convertê-los em acertos em prol do atendimento das necessidades coletivas.

Compreendo que, tanto a situação, quanto a oposição, nesse estado, ao tentar defender ou acusar, caem nas  parcialidades, contaminando, dessa maneira, as realidades que necessitam ser corrigidas e que, consequentemente, afetam a milhares de pessoas, a maioria delas desprovidas de convicções partidárias, mas, provedoras com seus tributos do estado, sendo esse, não um senhor sobre nós contribuintes, mas, dentro de seu papel constitucional,  obrigado a garantir a toda sociedade direitos básicos que gerem segurança nos seus amplos serviços prestados.

Entretanto, contra fatos reais, argumentos frívolos não acrescentam em nada, aliás, são as palavras adocicadas que refutam grandes mudanças, pois, se os gestores as fizerem com coragem, poderiam comprometer inúmeros interesses privados, levando à bancarrota grupelhos que, de tempos em tempos, tornam-se amigos do “chefe do executivo” em exercício, sendo o antecessor, apenas uma lembrança a ser esquecida rapidamente, como muitos outros tantos. É uma semelhança ao mimetismo, onde as transformações na tonalidade da pele de determinados seres os fazem confundirem-se com o habitat para que não sejam identificados.                    

Pouco me importa os motivos, ou mesmo, as justificativas, entretanto, nenhuma das muitas razões descritas nos discursos dos bajuladores de plantão, em suas iniciativas ao tentar alterar o contraditório chamando-o de “fuxico, fofoca” ou outra dessas tolices próprias do imaginário obscuro, poderão promover as transformações que a sociedade tanto anseia, afinal, todos bem sabem que a finalidade é apenas uma, agradar ao “chefe”.

O contraditório, bem fundamentado e estruturado, traz aos gestores, mesmo que os desagrade num primeiro momento, a condição em relação à compreensão das realidades existentes, possibilitando assim, verdadeiros acertos e garantias reais a toda sociedade em relação a programas sérios, sem a distorção sensacionalista dos senhores da situação ou da oposição. Os extremos se encontram, se misturam e tentam, a partir da manipulação, confundir as pessoas em finalidades sórdidas.  

As verdadeiras vozes que conduzem aos acertos estão no seio da sociedade, e sequer frequentam os ambientes onde as relações de poder tornam-se instrumentos para manipulação pública. Portanto, nada mais necessário que nossos gestores sejam providos de maturidade política, e que saibam diferenciar os que fazem de suas vozes um instrumento que visa apontar necessárias mudanças que venham engrandecer a sociedade e as realidades sociais que gritam por socorro.

 

Marcus Fleury Junior é psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência.

sábado, 10 de novembro de 2012

Aprendi!


 

Aprendi...

Não conservamos nossas amizades quando aceitamos aquilo que nos incomoda, alías, se assim procedermos, além de sermos cruéis com as pessoas que pensamos que gostamos, trairemos o nosso próprio caráter ao anularmmos nossas avaliações sobre posturas que muitas vezes podem ser melhoradas e, até mesmo, corrigidas através de críticas. O bom amigo é aquele que pontua, que fala de suas crenças abertamente, tendo sempre a liberdade em bater na mesa visando, claro, o melhor a quem dedica sua amizade.

Os verdadeiros amigos são poucos, e eu sei muito bem o quanto eles sao valiosos, justamente por  quase não tê-los, afinal, com o tempo descobrimos a validade da expressão biblica que diz: “Mais valer um amigo que um irmão.’, e isso,  eu sei muito bem, pois, em nome da fraternidade, muitos interesses cegam, matam, roubam, traem, “passam a perna”, castigam e, até mesmo,  buscam destruir o melhor que há em nossos sentimentos, tornando-os pesos que nos adoecem e nos afastam da felicidade que urge em sair de um peito que sente a falta daqueles que, cujas palavras proferiam além de vasta sabedoria, grande amor e carinho.

Sem dúvida, o que eu tinha de mais imporante em minha vida eu tive que enterrar, mas, em relação a eles, ficaram as grandes lições que mesmo em relação a distância temporária, entre a tênue linha que separa a vida da morte, fortalecem-me todos os dias em audíveis lembranças. Meu avô Hélio de Britto e meu amado pai, Marcus Fleury, sem dúvida, foram grandes companheiros, grandes mestres e posicionavam-se de forma sublime em meio a torrentes de lutas enormes que eu tive que travar para estar vivo.

Sobrevivi ao grande caos, encontrei em mim, sempre inspirado em D-US, e na construção de idéias a possibilidade em fazer de minha desilusão pela existência o único caminho que pôde fazer florescer, num árido deserto, as mais belas paisagens, tornando-as assim, um grande oásis que sacia-me diante das travessias e lutas que nunca deixei, nem mesmo deixarei de travar, afinal, aprendi na importância da beleza da vida que, todos os espinhos de minhas roseiras, alí estão para que possam me proteger das muitas compulsões ao imediatismo consumidor de muitos sonhos e de grandes vidas.

Aprendi a me sentar à beira do caminho e contemplar o andar cansado daqueles que apenas andam, mas, sequer sabem onde vão chegar. Aprendi a guardar palavras para que quando todos  que gritam numa inaudível galhofaria possam, num dado momento, compreender que perderam tempo, aliás, os tempos de suas vidas são dedicados ao nada, e em relação ao nada, continuam caminhando sem que jamais possam ter o alento que traz o vento em seu silencio reconfortante.

Também aprendi o momento em me posicionar frente as grandes injustiças, sem me preocupar com as imbelicidades ideológicas que ocupam as mentes dos que necessitam de grandes doutrinas para serem percebidos, pois, por sí só, passam como sombras assustadoras e completamente desprovidadas de realidade, aliás, são seus discursos que promovem o “receio e o medo” a quem ainda não saiu do quarto escuro da infância, cujas formas terríveis fazem com que se escondam em baixo do edredon em busca do calor e do conforto do útero, nada mais são que espasmos de quem ainda acredita que sua flatulência possa se sobrepor  ao mundo inteiro, pois, para esses, o mundo é tão minusculo quanto ao que se sente ser... um nada!

Aprendi que diante de quem se considera alguma coisas sem nada ser, apenas investido por um cargo passageiro e completamente irrelevante, não há outro caminho a não ser o desprezo, afinal, nada mais incomoda alguns canalhas que esse comportamento.

Aprendi que para ser bom amigo, não devo fazer a lição de casa com tapinhas nas costas, sorriso de hiena, e personalidade de um tirano; esse tipo, por sinal, já ví várias vezes em minha infância, personificados numa figura que visitava a sala de minha casa e lá, se preciso fosse, rastejava como um farrapo humano, vestido com seus alinhados ternos e sua desorganizada vida psicológica, por curto espaço de tempo, morou no palácio para que pudesse se sentir menos miserável do que ainda continua a ser.   

 Aprendi que para ser um bom amigo, não preciso bater no peito o tempo todo, entretanto, devo fazê-lo quando considerar necessário através de comportamentos que demonstrem a sinceridade daquilo que trago em minha personalidade sem que, em nenhum momento, eu sinta vergonha do que sou, do que fiz e daquilo qua a muito ainda tenho a fazer.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e coordenador do Ateliê de Inteligência e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano escolar e familiar.

ateliedeinteligencia@gmail.com