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sábado, 30 de junho de 2012

O que as crianças podem precisar.





Ao discutir a questão do cárcere na psique e falar das limitações que têm feito do ser humano algoz e prisioneiro de tendências limitadoras que estimulam, não a construção do conhecimento, mas, condições desfavoráveis, cujas metodologias, promoveram o empobrecimento das relações afetivas, devemos enfatizar a obrigatoriedade  quanto a  adequação de um número cada vez maior de informações.

São processadas de forma veloz, com múltiplos cenários e diversas tonalidades, desencadeando a leitura da memória de forma acelerada, sobrecarregando, assim, o córtex cerebral e ativando o tálamo, bem como o hipocampo, partes do sistema límbico (sistema relacionado às emoções).

Dessa forma, diante da necessidade em promovermos mudanças, pois, tudo que aí está, apresenta o fracasso das tentativas em conhecer o ser humano e tratá-lo. É necessário buscar conceber a existência e os processos constituintes da subjetividade.

Também, há uma necessidade em nos aprofundarmos quanto aos contextos que hoje interferem nos processos de desenvolvimento, que atormentam os pais, enchem consultórios e estigmatizam crianças através de uma salada de diagnósticos e suas prescrições.

Penso que está na hora das ciências que estudam os processos mentais, reconhecerem, diante de suas vaidades teóricas, seus grandes fracassos.

 Que me atirem todas as pedras do mundo. Com elas vou construir meus castelos, encenar minha loucura e me esconder da sanidade que os senhores vendem e tanto defendem; porém, não irei deixar de falar das milhares de crianças, hoje, extremamente agitadas, dispersas e  empobrecidas pela avassaladora força das variadas fontes de estimulação visual, lingüística, cognitiva que as fazem miseráveis em seus níveis de sustentação internos(bases afetivas).

Então, em virtude desses modelos contemporâneos, temos como conseqüências, crianças que sofrem intensamente; assim, elevam-se as estatísticas quanto aos números crescentes de transtornos de ansiedade, depressão e auto-agressividade, agitação psicomotora excessiva e suicídios infantis.

Nada poderá substituir as bases afetivas, pois, elas são imprescindíveis para que a criança de hoje não se torne a figura adulta adoecida do amanhã. Entretanto, diante de seu universo, para que  possa viver, é necessário que elas vivam cada etapa ou fase, sem ser necessário sobrepor-se a nenhuma delas. Isso é fundamental.

Os processos de desenvolvimento são constituídos por etapas que devem ser estruturadas, respeitando a capacidade da criança quanto à condição em manifestar determinados comportamentos que expressem maturação neuro-cortical, psicológica e fisiológica.

Dessa forma, a infância será preservada e não terá comprometimento em relação aos processos neuropsicoafetivos, cognitivos e de aprendizagem.

Os pais necessitam participar desse processo, voltando-se mais às necessidades de suporte, para que seus filhos elaborem todos esses processos de forma tranqüila, objetivado no amanhã, serem elas mesmas, e não uma versão daquilo que o senhor ou a senhora desejavam ter sido um dia, lá num passado frustrado.

Portanto, não transfira e não projete o que não deu certo em sua vida. Sabe aquele plano em fazer medicina, ou, então, em ir à lua; quem sabe, ser um político, ou, basicamente, um homem ou mulher com fama, dinheiro, status e muita tristeza no olhar?

Então, procure um analista; organizar-se internamente. É necessário para que consigamos respeitar a nós mesmos e, principalmente, as nossas crianças.

Quando assinamos um contrato de prestação de serviços com alguma escola, em suas cláusulas não constam funções que são básicas e inerentes à família, por isso, convido-o a repensar seu papel em relação aos seus filhos, vendo-os, não como nos enxergamos, mas, na forma como eles se apresentam a nós, respeitando suas falas e avaliando suas reais necessidades, não pelo contexto das tendências de mercado, da moda, enfim, de uma forma que sempre as favoreça diante às inúmeras etapas que constituem os processos de desenvolvimento.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo e um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano escolar e familiar.
ateliedeinteligencia@gmail.com

sábado, 16 de junho de 2012




Rio mais ou menos 20,

a soma do engano.



Talvez, o que você possa compreender quanto ao que eu escrevo, corresponda às suas expectativas, ou, então, passe bem distante daquilo que possa interessá-lo, entretanto, não posso fazer das minhas escolhas a oportunidade para agradar a quem quer que seja, pois, se assim o fizer, torno-me mais o outro e menos o que eu sou. Então, vamos lá.

Essa conversa de Rio + 20, onde, vários países do mundo se reúnem para um evento “messiânico”, cuja intenção, passa bem distante de salvar o mundo, resultará em mais um fracasso, assim como foi o Rio 92, pois, as intenções, quando despidas da máscara da dissimulação, revelam apenas mais um teatro, onde, encena-se os interesses das políticas de Estado, inebriadas por alianças e acordos econômicos, estando, você e eu, bem distantes das reais finalidades dessa manipulação oficial.

Maurice Strong propôs e presidiu a conferência Rio 92, sendo, à época, um grande entusiasta quanto aos possíveis resultados do encontro, mas, categoricamente afirma com as próprias palavras “que não ha muito a celebrar, afinal, o mundo piorou muito desde aquele encontro até os dias atuais, estando a qualidade de vida do planeta ameaçada e, consequentemente, toda nossa espécie poderá desaparecer”.

Bom, se temos uma grande discussão quanto sustentabilidade , biodiversidade e outros temas inerentes à agenda da Rio + 20, certamente, esse encontro teria que ser feito em Marte, pois, aqui, logo aqui no Brasil, enquanto o papo rola e nós fingimos que acreditamos, milhões de litros de esgoto são atirados bem pertinho, na Baía da Guanabara, basta respirar mais fundo, só mais um pouquinho que possivelmente os senhores sentirão o odor do descaso, misturado ao escárnio fétido da demagogia de nossos governantes.

Agora, se o olfato dos senhores estiver comprometido, que tal, uma leitura sobre o novo código florestal, recém aprovado? Então, aproveitem, porque, em pouco tempo, nossos rios, todos eles, poderão estar comprometidos, levando o país a uma grave crise hídrica. A permissibilidade, em nome de interesses políticos, mais uma vez, colocando a coletividade embaixo da rampa do planalto para que qualquer um possa pisar sobre a soberania nacional.  

Se assim mesmo a visão dos senhores estiver comprometida, tentem ouvir o grito que ecoa na Amazônia, pois, a usina de Belo Monte, que comprometerá parte da floresta Amazônica, além, do grave crime contra a humanidade, onde, milhares de pessoas estarão desabrigadas, longe de suas terras, desprovidos de suas histórias e atingidos diretamente na identidade que tentam, com bravura, defender a custo de arco e flexa. Possivelmente, esses sejam os poucos brasileiros, que verdadeiramente levam nosso hino ao pé da letra, quando ele diz: “Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adore, à própria morte”; afinal, não pensem os senhores governantes que eles irão deixar suas terras para trás, assim, covardemente. Ali, teremos o palco de um grave conflito social, com fortes consequências a quem quer ocupar uma cadeira no conselho de segurança da ONU. Isso aqui realmente é uma grande ambivalência; para não dizer, uma grande molecagem, com todos nós brasileiros.  

Agora, caso, tanto a visão, quanto o olfato, ou, a audição dos senhores e senhoras + 20 estiverem comprometidos, recomendo-lhes que chupem cana; claro, se sobrar um gomo aos senhores, pois, a produção da mesma, destina-se a produção de álcool no Brasil, devastando a biodiversidade, poluindo e contaminando o solo, a qualidade do ar e, consequentemente, a capacidade respiratória das pessoas que moram em cidades próximas.

Bom, se todos os sentidos acima descritos estiverem comprometidos, sugiro então, que, afaguem aquele que destrói o Irã, e que somente aqui está com o objetivo em fazer média de bom amigo, para obter futuramente urânio e colocar em prática o programa nuclear iraniano. O mesmo, promete varrer o Estado de Israel do mapa e comprometer a paz mundial. Então, resta o tato, para que os senhores sintam na pele a morte de nossa própria espécie.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo e um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência.

 ateliedeinteligencia@gmail.com


sábado, 9 de junho de 2012

Uma "coisica" mais ou menos assim.




Uma “coisica” mais ou menos assim



Não me perco em discusões ideológicas. Nelas, cada um, sempre acreditará em suas versões ou crenças para defender seus princípios, suas “verdades” e suas éticas. Aliás, se os parâmetros éticos estiverem acima do entendimento crítico quando os critérios forem de interesse coorporativista, sobrepondo-se às necessidades coletivas, que  a moral e a ética sejam jogadas na lata de lixo, assim, como muitos fazem com milhares de vidas que estão por detrás das celas de uma cadeia, ou, nas filas de um hospital público, ou mesmo, nas masmorras do cárcere emocional, local esse, onde os olhos de muitos políticos jamais conseguiram conceber suas responsabilidades pelo caos psicosocial.

Estamos vivendo um período onde, os discursos que saem  à boca, nada mais são, senão, a projeção deliroide de quem nada faz, nada sente, nada sabe, ou, nunca viu, entretanto, o que  conhecem muito bem, com auxílio das estratégias em enganar as pessoas, é  como fazer para perpetuar as piores intenções sem que se importem com o preço que será pago, afinal, a conta será debitada sobre as costas de mais de 150 milhões de pessoas.

Vamos, esfreguem suas ideologias, seus partidarismos, suas crenças sobre o nosso suor, sobre nosso sangue e nossa honra. Tentem nos transformar nos fantoches a serem usados diante das câmeras para milhares de miseráveis que arrastam-se na mais profunda falta de oportunidade. Contem as verdades que necessitam e fingiremos que fomos enganados. Coloquem-nos numa caixinha, numa “coisica’ assim e promovam a gargalhada do escárnio, no teatro da perversidade, onde as leis tem carta marcada e  nós, a data marcada para sermos, a cada quatro anos, esquecidos e relegados à ignomínia.

É compreensível o motivo de tanto escárnio, afinal, suas crenças, ideologias e companheiros se protegem, da mesma forma como definem o código de ética do crime, onde compactuar, calar, se esquecer e não saber constituem as palavras que garantem uma sobrevida longa a celebrados malandros que, de seus hotéis, palácios, iates, escritórios, gabinetes e empreiteiras contam cada milhão com galhardia, diferentemente, daqueles que nos semáforos pedem com a vergonha estampada no rosto, alguns centavos para que não morram de fome.   

Quando as tramas políticas misturam-se nas figuras desacreditadas, por fazerem do Estado a empresa coorporativa mais rentável do mundo para suas vidas pessoais, então, concluímos, que o poder  só é poder porque atende, até mesmo, com o uso da força bruta, os interesses dos senhores e senhoras que, ao manipular as relações de Estado, transformam as necessidades sociais em interesses pessoais, com cifras e tudo mais.   

Quando uma pessoa consegue enganar toda nação com o discurso da moralidade, da lisura, da ética e, até mesmo, convence a muitos da necessidade quanto a implantação de políticas hostís a depentes químicos, e tem sua máscara arrancada, então, concebemos o quanto tudo isso que aí está pode ser um grande perigo a todos nós.

Quando o desejo de vingança e das piores intenções de quem encontrou motivos para destruir um desafeto, assume contornos que comprovam questões pessoais, desprezando o respeito que os senhores deveriam ter a todos nós, pois nem em nossas casas desejamos escâdalos, é hora, então, de cobrarmos um pouco mais de consideração, afinal, nossa dignidade não está nas jogatinas, nem nas articulações de poder, nem nas facilidades ou outras tantas sacanagens, mas sim, no pesado dia-a-dia, onde, milhares de brasileiros enfrentam as piores condições de transporte público para que possam cumprir com suas jornadas de trabalho, afim de que, a todas manhãs, lá esteja “o pão nosso de cada dia”.



Marcus Antonio Britto de Fleury Junior, Psicólogo, é um dos coordenadores do Ateliê de Inteligência, e do Programa preventivo e resignificativo, dirigido a crianças e adolescentes no cotidiano social, escolar e familiar.

ateliedeinteligencia@gmail.com






quarta-feira, 6 de junho de 2012

Família: Um Tempo para Repensar






FAMÍLIA: UM TEMPO PARA REPENSAR



Quando um casal opta por uma união, independente do modelo jurídico, religioso, ou de outros valores que não sejam próprios da relação, ele estabelece entre si, pactos que vão se estruturando de acordo com as expectativas e capacidade de negociação, construindo assim, uma identidade, sem anular a singularidade, afinal, compreende-se que, para sobreviver às rotinas e ao enfado que é estar “junto” ao outro todos os dias, tornar-se-á necessário definir as finalidades da liberdade, sendo essa, parâmetro delineador do insubstituível espaço da convivência.

Assim, estabelecerá a responsabilidade em construir uma proposta de unidade, sem, contudo, exigir que o outro se desfaça de sua identidade, pois, se assim o fizer, claro, com o consentimento das partes, fundar-se-á o modelo revelador de uma relação adoecida, tornando-se essa, inevitavelmente, um local imerso no vazio daquilo que, para sobreviver, necessita sempre dos sentimentos de culpa, acusação, punição e intensas doses de tirania, projeções e transferências aos filhos, pais e amigos, tentando, dessa maneira, buscar aliados para estruturar uma ruptura e criar “condições confortáveis” para que as responsabilidades ou, os fracassos emocionais e afetivos, sejam sempre atribuídos a uma das partes do relacionamento.

Quando exigimos do outro aquilo que não somos capazes em suportar ou compreender, encerramos o campo da convivência e, muitas vezes, destituímos a identidade de uma relação, impondo a ela outras identidades, transferências de convivências desestruturadas, as quais reacendemos em nossos relacionamentos todos os conflitos vividos nos casamentos dos pais, e que, inconscientemente, por entre as fissuras da mente, associam-se a fatos vivenciados no presente e, reconstruindo, dessa forma, todo o cenário de traumas daquilo que não é nosso, entretanto, que torna-se, numa herança emocional, algo que nos faz reféns de nossos medos e de nossas culpas não reconhecidas.

Quantos são os que têm dúvidas quanto aos seus papéis no fracasso das relações de seus pais? Quantos são os que não compreendem os motivos pelo qual estão vivendo novamente tudo que o pai ou a mãe passaram? Quantos são os que transformam o campo da convivência no espaço da intolerância, destituindo a relevância das diferenças, sendo essas, um dos pilares de sustentação dos relacionamentos?       

Nas famílias em que as singularidades são massacradas, revelar-se-á, com o passar dos dias, um local de extremo adoecimento, sendo esse, o território que possibilitará as depressões, o desencadear de outros tantos transtornos, e, em situações onde, o limar da dor rompe a suportabilidade, o suicídio.
Hoje, lamentavelmente, a cada 35 segundos, temos um novo caso; cerca de 3000 pessoas por dia, e ainda há determinadas correntes da saúde mental que desejam ter o controle total sobre aquilo que não conseguem sustentar, criando assim, mecanismos de manipulação, elaborando diagnósticos como acreditam que devem, e, prescrevendo, de acordo com as orientações e acordos feitos a portas fechadas.              

O espaço da convivência fundamenta-se e nutri-se da liberdade, consolidando a responsabilidade em fazer daquilo que somos, não os caminhos em rotas de fuga, mas, aspectos fundamentais que promovam critérios próprios para o desenvolvimento do casal, segundo o que cada um traz consigo, promovendo, dessa forma, a construção da relação, cuja identidade será resultante de acordos nutridos de trocas, bem  como, da convicção que cada casal promoverá um modelo próprio para si.

Aquilo que pode ser bom a uma relação, necessariamente, não garante nenhuma qualidade a outras. Cada uma tem sua dinâmica própria e, isso nos leva a compreensão que, não há receita que possa garantir êxito, ao contrário, ao tentar estabelecer modelos à história própria de cada uma das relações, será mantido, por conveniência, somente aquilo que acabou há muito tempo, onde, em nome de “uma falsa segurança”, anula-se a oportunidade em refazer-se, e aí, em algumas situações, encontra-se justamente o medo da responsabilidade, sempre delegada, não como virtude, mas, repleta de culpa e acusações a alguém que nada mais é, senão, aquele que desfere suas próprias faltas perante a inexistência de seu auto-abandono.

Para consolidarmos o espaço da convivência, necessitamos compreender que os membros das famílias estão cada dia mais sozinhos. as crianças, lançadas ao mundo virtual, aos alimentos rápidos, práticos e pouco saudáveis; estão cada vez mais amedrontadas, afinal, vivem uma época onde vêem vários pais matando seus filhos. Isso é aterrorizante para elas. Certa ocasião, uma criança me disse que tinha muito medo que isso acontecesse a ela, afinal, os pais pediam que não confiasse em quem não conhecesse, porém, completou que seus pais eram seus maiores desconhecidos. Conhecia mais a babá, os professores e demais prestadores de serviços, mas seus pais, apenas tinham um contrato de manutenção para com ela. Um acordo quase que social. “Eu os apresento como filhos e em troca dou roupinhas, livrinhos, internet, escola, televisão, fast-food e um bando de coisinhas.   

Os adolescentes, cada vez mais imersos a relação tirana das competições e imersos nas cobranças em saírem-se melhores que os outros, pressionados e submetidos aos mais violentos atentados à personalidade, ricos em informações, mas, empobrecidos quanto à construção do conhecimento, quanto ao mundo dos sentimentos e, escravizados pelas emoções nos processos desencadeados pelo campo da conveniência. Estão, cada vez mais cedo, mergulhados em depressões, lançados no conflito solidão e angústia, sem nenhum referencial como náufragos em uma noite escura em alto mar.    

Os pais, cada vez mais voltados aos seus trabalhos, mais envoltos às cobranças em apresentarem-se portadores de objetos de consumo caros, mais dados às gratificações materiais, imaginando ser possível sublimar a falta de atenção, de afeto, de interação, e, lamentavelmente, diante do fracasso, sempre buscam culpados por suas próprias ausências, criando a figura do núcleo psicopatológico.   

O elo familiar torna-se cada vez mais frágil, e as representações construídas são destoantes da importância da representação das figuras paterna ou materna, dos papéis dos filhos e da compreensão quanto a significativa relevância do campo da convivência evidenciando um profundo desamparo

É imprescindível que retomemos  a rota para a reconstrução dos laços familiares com base no diálogo, na construção da crítica, no reconhecimento das escolhas, na responsabilidade pelas conseqüências, bem como, pela promoção e níveis de sustentação interna frente as intempéries e as agruras da existência.



Marcus Antonio Britto de Fleury Junior

Psicólogo e Coordenador do programa de prevenção a depressão e do grupo de estudos Michel Foucault do Ateliê de Inteligência

ateliedeinteligencia@gmail.com  







                             

sexta-feira, 1 de junho de 2012




       Restaurando os pilares da emoção



Sinceramente, essa euforia, na contemporaneidade, em relação ao que parece ser confortável,  nada mais é, senão, uma forma em negar as dores que gritam dentro de cada um por socorro e um minuto de atenção. Essa falsa impressão que cada um constrói em si de um tempo dotado de grandes ganhos, nada pode representar quando os referênciais são perdidos, ou então, atirados em um canto, ou mesmo, debaixo da cama, por que sobre ela existem corpos que apenas consomem-se em ritos sexuais, pois, o ato erótico pleno, já a muito, está por detrás das portas, olhando pelas fechaduras envolucros amorfos que movem-se desprovidos de sincronicidade, emoção e cumplicidade. 

Quantos são os que, em nome do nada, e esse nada, são valores que não mais existem, mantém uma relação apenas para que possam manifestar para sociedade um padrão familiar que é encerrado ao fechar das portas de casas, apartamentos e outras dessas coisas que, em algumas circunstâncias, são as celas particulares, ou, semelhantes aos aterros sanitários, cujo lixo vai se avolumando e logo será consumido pela fermentação, cuja trasformação, adentra o sub solo, contaminando o que estiver à frente.

Assim, aos filhos que convievm no mesmo espaço, resta-lhes a melancolia que transita entre as lembranças de dias bons e o sonho em livrarem-se daqueles pesadelos, cujos, conteúdos dilaceram, contaminam, adoecem e, por muitas vezes, matam.  

Não dá para perguntar aos filhos que atiraram-se no vazio, em  busca de um chão, para confortarem-se na morte. Infelizmente, não dá, pois, não houve tempo, afinal, todos estavam ocupados nos próximos capítulos da peça que encenam, em busca de aprovação social, sexual ou tantas outras auto-afirmações que encerram-se no girar das chaves. 

Misérias humanas vestidas de púrpuras, sob as mais requintadas rodas, exalando os fortes tons de seus perfumes franceses, nos bares, restaurantes, boates e etc,  onde, a beleza, nada mais é, senão, a representação onírica do horror que se esconde no âmago de emoções comprometidas e hipotecadas ao adoecer que as espera.

Estamos diante de uma sociedade que, como num processo de caquexia, onde o corpo consome a si mesmo, na tenatativa em nutriur-se, dilacera-se e coloca a perder possibilidades grandiosas quanto ao exercício do que somente pode ser conquistado em meio a construções diárias, mudanças de planos e revisão contínua de valores, adequando-os à necessidade que há em cada um de nós em ser feliz. Me diz uma coisa: Você o é? Como sente sua felicidade? Onde? Ou então, quanto tempo mais irá se sujeitar ao auto-abandono e a dependência emocional?

Reagir consiste em assumir-se em meio ao caos e dispor-se, restaurar os pilares da emoção, reedificando-se e reescrevendo sua história, compondo novas possibilidades que tragam sopros de vidas e o estabelecer de novas formas em relação ao que necessita ser vivido.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior. Psicólogo e um dos Coordenadores do Ateliê de Inteligência e do programa de prevenção a depressão.