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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Você é politicamente correto? Eu , não .



Você é politicamente correto? Eu não ...


Ao escrever esse texto, havia terminado a leitura de um livro do Içami Tiba: “Juventude e Drogas: Anjos Caídos”. Então, o associei a diversos casos que envolvem profundos sofrimentos e perdas e, em muitos deles, posicionar-se, pontuando o contexto, dialogando com os filhos sem preconceito, sem temer expor seus conceitos pessoais, sabendo que isso pode salvá-lo de algum ato que comprometa sua integridade física e mental.

Certa vez, uma criança me disse: “Como vou descobrir sozinho o que pode ser bom?
Preciso de ajuda, tenho sofrido muito para descobrir tudo sozinho. Eu não sei como fazer”. Isso me balançou , mas, nada poderia me aproximar daquilo que essa criança estava passando, afinal, em plena infância, ela estava acometida por um elevado nível de estresse, tendo seu sistema imunológico rebaixado e apresentando alergias, resfriados e bronquites contínuas e a depressão, sinalizando uma possível apresentação no palco de sua mente, pois no palco de seu corpo, possivelmente, ela já encenasse o primeiro, de uma peça aterrorizante.

Os pais diziam estar envoltos em seus trabalhos e acreditavam que a escola e o contexto em interagir com os colegas, seriam, em grande parte, necessários para a formação da personalidade do filho. Mas, então, o que adianta ser tão bem sucedido nos negócios, atingir metas, considerar-se politicamente correto, além de outras dessas besteiras que hoje se tornaram padrões para pretensos “corretos” infelizes?

Nada está tão politicamente correto que nos remeta a omissão, permitindo que o amanhã, sob a desculpa da ética, transforme nossas próximas gerações na pior parte de nosso silêncio. Assim, tenho acompanhado o sofrimento de pais e filhos que engolem a angústia e negam o que necessitam dizer uns aos outros, justamente pelo receio em não serem compreendidos e, conseqüentemente, excluídos.

Mas, que sociedade é essa que tanto exige sem nada oferecer? Ela é o inverso do discurso que apregoa, e se protege blindando-se nos juízos de valores que hoje, nada mais são, senão, sentenças veladas a espera do primeiro pedido de desculpas, para prosseguir o espetáculo do escárnio, onde impõem a necessidade do perdão, como num rito de suplício, a espera de um brado desesperador e arrependido, para em seguida conceder compaixão ao “desvalido” .

Assim, transformam nossas mentes num verdadeiro campo de batalhas, onde há um só gladiador, uma só vítima, que pode ser você.

Estamos nos abandonamos, aceitando os modelos e padrões que são colocados como posturas éticas, e politicamente corretas, “goela abaixo”, renunciando , dessa maneira, a melhor parte de nossa história, sendo essa, a existência que temos a construir e vivenciar intensamente a troco de aceitação social.

O que é ser politicamente correto? É, por acaso, não poder discutir posturas que não são adequadas para a nossa vida? É estabelecer minha orientação sexual, baseando-me nas tendências do momento para não ser taxado de reacionário, careta, ou mesmo, preconceituoso? É abrir as portas da minha casa e dizer, venham, transem à vontade e, quando terminar, limpem o tapete? É assistir ao “Big Brother” e ser obrigado a compactuar com o que ali é vomitado em nossas casas? É “liberar geral”, porque a bebedeira rebaixou a instância psíquica que estabelece parâmetros de auto-preservação? É aceitar Jesus, falar em amor e me esconder por detrás do evangelho, açoitando aos que não compartilham do que penso? Então, se essas forem as exigências, às favas, todas elas, pois com muita satisfação, sou com muito orgulho, politicamente incorreto.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior é psicólogo , e um dos coordenadores do programa resignificativo e preventivo aplicado a crianças e adolescentes no contexto escolar, familiar e social do Ateliê de Inteligência

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Abaixo-assinado PRESIDENTE DILMA, VETE O ATO MÉDICO!

Abaixo-assinado PRESIDENTE DILMA, VETE O ATO MÉDICO!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Petição Pública Brasil - O abaixo-assinado foi assinado com sucesso.

PRESIDENTA DILMA, VETE O ATO MÉDICO

Petição Pública Brasil - O abaixo-assinado foi assinado com sucesso.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A LOUCURA NOSSA DE CADA DIA






Saímos do tempo do silêncio em relação à saúde mental, justamente, porque as vozes dos excluídos fizeram-se ouvir nas suas mais profundas, indefinidas e imensuráveis dores. Suas histórias, uma trama dos mais diversos fatores, estiveram, por muito tempo, negligenciadas aos últimos planos e, por esse motivo, hoje, estamos diante de uma explícita pandemia, com índices cada dia maiores, elevando acentuadamente o número de pessoas que, em um momento de suas vidas, ou, durante anos, vivenciaram episódios que alteraram suas histórias.

Sabemos muito bem que a indiferença, primeiro dilacera, depois mata. O Brasil, conta em seus mais de 150 anos de estrutura manicomial, segundo site do Deputado Paulo Delgado e outras fontes, com a estimativa de mais de 300.000 pessoas mortas. Somente em uma unidade manicomial de Barbacena(MG), foram 60 mil, no século 20.

Diante de tais fatos é incoerência discutir a reforma anti-manicomial? É necessário pensar sem julgar, nem mesmo condenar, entretanto, rever posturas que façam da reforma manicomial o caminho que possibilite estruturar novos métodos e diretrizes quanto à construção de um modelo de saúde mental que esteja condizente, não com interesses de grupos, sejam eles quais forem, afinal, enquanto o conteúdo narcísico, diante das agruras dos que padecem continuar o debate acusatório, limítrofe e repleto de conflitos de interesses, estaremos diante do egocentrismo, legitimando a perpetuação de uma estrutura que ruiu ao longo das décadas.

Frente aos fatos, que vão desde as internações à força, por motivos que poderiam ser reelaborados diante das psicoterapias, até mesmo, o abuso das medicações, sendo essas, em determinados momentos, uma forma perversa de contenção, transformando a pessoa em um objeto manipulável e destituída do direito em participar daquilo que envolve o que é mais sagrado: sua vida.

Lembremo-nos de Austragésilo Carraro, em “O Canto dos Malditos”, livro que inspirou o filme “Bicho de Sete Cabeças”, que aos 16 anos, depois de ser flagrado em casa com um “baseado” no bolso, foi levado a uma unidade manicomial, internado nas piores condições, submetido aos mais agressivos e invasivos métodos, sem sequer poder verbalizar sua história, sendo essa, construída em um ambiente destituído de diálogo. Foram 4 anos de internação, 20 sessões de eletro-convulsoterapia .

Havia um pai distímico, com um mal humor crônico, uma mãe completamente anulada diante da condição de mulher e, um filho em meio aos seus conflitos que projetava no mundo todo seu pedido de socorro. Foi a maneira que encontrou para abandonar a invisibilidade, tornando-se visível a sua existência que necessitava de acolhimento, afeto, diálogo e respeito. Essa é apenas mais uma, diante das milhares de histórias que estão aí sem conhecimento público.
Sugiro aos leitores que busquem informações sobre a Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental.

Enfim, fica óbvio que o sistema manicomial é, em “muitos momentos”, uma extensão diferenciada e extremamente cruel de aprisionamento. Precisamos de uma ampla discussão, destituída dos ataques repletos de fragilidade, onde, nas lacunas, deixam evidenciar outros propósitos que estejam distantes de uma nova política de saúde mental elaborada pela multidisciplinaridade, mas, principalmente, com a participação da Associação dos Usuários de Saúde Mental, afinal, são esses que conhecem melhor que qualquer cientificismo barato a realidade jamais mensurada em meio as suas experiências vivas.

Precisamos do debate limpo e distanciado do contexto arbitrário para que consigamos avanços cada dia maiores, promovendo políticas que vão desde a prevenção de transtornos em saúde mental, até o acompanhamento das inserções daqueles egressos que, depois de longo tempo de internação, necessitam de um acompanhamento específico para serem reinseridos. Então, além de Programas Preventivos, os CAPS3(24 horas) são uma excelente sugestão, além de residências terapêuticas, de um numero maior de CAPS em relação aos que existem, de um número maior de profissionais, não apenas psicólogos ou psiquiatras, mas, das mais diversa áreas.

No Brasil, mesmo depois de tantos anos de reforma manicomial, estamos diante de antigos obstáculos, dentre eles o pequeno repasse que é feito as novas políticas de saúde mental.Em 2009, eram repassados 11% de todo montante destinado a saúde mental aos novos programas, sendo que 89% ainda são, segundo o psiquiatra Júlio Cesar Silveira Gomes Pinto, destinados as “ineficazes internações”. Não adianta sair dos hospitais e ir para os ambulatórios; é extremamente necessário ganhar as ruas, recriando o contexto da família e da sociedade.

Precisamos que a saúde mental seja discutida com a mesma seriedade como é na Europa, afinal, esse tema é uma preocupação não somente nossa, mas de todos os continentes.

Durante a reunião do Parlamento Europeu, em 10 de fevereiro de 2009, tomando como base a conferência, cujo título era: “Juntos para a Saúde Mental e o Bem Estar”, realizada em Bruxelas no mês de junho de 2008, onde foi estabelecido o “Acordo Europeu para a Saúde Mental e o bem-estar”, com base em diversos tópicos e resoluções em discussão pelo Comitê Econômico e Social Europeu, ficaram estabelecidas medidas que buscam direcionar um programa preventivo em saúde mental, afinal, entre 3 e 4 % do PIB dos estados membros e no ano de 2006, houve um custo econômico em decorrência da ineficácia dos programas existentes em saúde mental no valor de 436 milhões de Euros, mais de um 1 bilhão e duzentos milhões de reais, gastos esses, efetuados na maior parte das vezes, fora do setor de saúde, devido as ausências sistemáticas ao trabalho(Absenteísmo) e as aposentadorias antecipadas.

Tais despesas não refletem os encargos financeiros adicionais da morbidade que afetará as pessoas acometidas por psicopatologias.

Além dessas questões financeiras, ficou bastante explícito, a preocupação com aspectos muito mais significativos, frente a uma Europa atualmente sufocada por severos conflitos psicossociais, fazendo necessárias ações específicas e políticas que visem promover integração e inclusão social, além de outras tantas considerações, entre elas, no item X, que confere aos transtornos em saúde mental o maior índice da morbidade no continente.

Na resolução do Parlamento Europeu, no inciso 26, das disposições que tratam da Saúde Mental e Educação, há um convite aos Estados-Membros a organizarem programas de orientem, apóiem e atendam as necessidades sociais e emocionais, enfatizando a “importância dos que são destinados a promover a auto-estima e a gestão de crises”, bem como, a promoção de políticas públicas baseadas em estudos psicossociais.

Portanto, frente à busca de uma política de saúde mental, torna-se necessário que, assim como na Europa, o Brasil ouça todos os segmentos, fazendo uma ampla analise, pesquisa e discussão para que construamos uma nova estrutura, destituída dos lamentáveis horrores cometidos por detrás dos muros, esses mesmos, que escondem de nossos olhos tudo aquilo que cada um de nós tem e finge não compreender: A loucura nossa de cada dia.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior
Psicólogo e Coordenador do Ateliê de Inteligência.
Fontes: http://www.paulodelgado.com.br/revista/barbarie.htm
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/boletim_alerta_v14_n5.pdf